terça-feira, janeiro 10, 2006

Impersonating National Interest

De repente encontrou-se o novo Vasconcellos...
Pina Moura é o novo inimigo, o novo bode expiatório e, da mesma forma sacrificial, o regenerador da classe política.
Nenhuma ideia política que não seja totalitária alguma vez concebeu que todo o Homem é, ou sequer pode ser, intérprete do bem da colectividade. Certamente que o mercador de cebolas, o curtidor de peles, o banqueiro, são capazes, de forma melhor ou pior, de aferir as suas próprias conveniências. Todos têm os seus próprios interesses, que podem divergir dos da colectividade. Compete, contudo, ao Estado fazer prevaler os interesses da colectivdade acima dos privados.
Quem está em falta nesta matéria toda não é o privado, Pina Moura, mas o Estado que não determina por lei ou acção qual o interesse nacional a proteger. Será que a manutenção de um sector primordial nas mãos de portugueses é relevante, se esses portugueses não se encontram salvaguardados por um ethos de bem-comum?
É evidente que é melhor ter uma empresa americana que aceita a perspectiva estratégica portuguesa (a projecção externa do Bem Comum) e se submete a essa concepção, do que uma empresa de propriedade portuguesa que esteja ansiosa por encontrar denominações e parcerias que a desliguem da sua origem lusitana e das suas responsabilidades originárias.
Neste caso Pina Moura é ilustrativo de um dos piores ministros portugueses de sempre, mas de um excelente empregado de interesses privados. O que não é de estranhar num Estado que é, democraticamente, nada mais do que o exercício de um conjunto de interesses privados...
Os políticos portugueses passam, assim, por grandes defensores do interesse comum, quando nada mais fazem que defender um conjunto de colocações futuras e de direitos sobre empresas que não deveriam, de forma tão discricionária, possuír.

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