sexta-feira, junho 03, 2005

A Natureza da Humanidade e a Direita

Tem havido uma interessante discussão blogoesférica, começada há algum tempo, sobre a natureza humana. O FG Santos pega no assunto de maneira excelente.
A Humanidade é capaz do melhor e do pior… Tanto é capaz de perverter a sua natureza, “a vida boa”, como é capaz de a tocar, alcançando a santidade.
Essa é a capacidade do Homem e o entendimento sábio. O Homem é aquilo que faz com a sua natureza e com os meios que estão ao seu alcance…
É aliás esse o entendimento de muitos pensadores da linha tradicional, insuspeitos de serem gente de esquerda.
Juan Donoso Cortés, Edmund Burke, Louis de Bonald, Joseph de Maistre, António Sardinha, todos eles partilham esta concepção de um Homem que é fraco quando desprovido das instituições, de cultura, de uma metafísica verdadeira.
A preocupação destes autores não é o mal intrínseco do Homem, mas a fragilidade da bondade e da construção do ser humano…
A Ditadura de Donoso, a Restrição de Burke, a Revelação de de Bonald, o Carrasco de de Maistre, são formas de preservar o Homem do erro, mais do que punição pela imperfeição pecaminosa da natureza humana.

Esta concepção foi subvertida por alguns autores. Thomas Hobbes, os “Déspotas Iluminados”, Carl Schmit, pegam nessa fragilidade e dão ao homem uma nova natureza. Influenciados pela insolubilidade dos conflitos político-religiosos de seu tempo, definem uma nova natureza para o Homem. Uma fragilidade insanável, uma necessidade de submissão absoluta, no intuito de preservação da Vida. O Leviatã, a Razão de Estado, o Decisionismo, são novos caminhos contra a besta benevolente da esquerda, mas que impossibilitaram o retomar da concepção tradicional, mais evoluída e completa que as restantes. As simplificações de esquerda, de Rousseau e D´Alembert, bem como as de direita, reduzem o homem a um factor, seja este a Sobrevivência, a Necessidade Política ou o Poder.

É altura de reencontrar o centro, não pelo compromisso, frequentemente abjecto e ilógico, mas pela observação da Verdade, pelas ferramentas da Tradição.

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