segunda-feira, maio 10, 2004

Pois é! Depois querem que os estudantes leiam, sejam cultos, debatam problemas...

Fiz um texto para um jornal! Disseram-me que estava muito bom! A direcção não deixou publicar! A justificação que me foi dada foi que os estudantes não tinham capacidade para compreender o que nele estava escrito (já começo a simpatizar com o que Hegel sentia pelos alunos!) só dá vontade de rir! O jornal vai atrás dos jovens, não os quer puxar, levar a compreender, demitindo-se da função própria de um jornal!
Suponho que as rúbricas do Jornal sejam o que os jovens universitários pretendem! Gajas, Álcool e Drogas, Piadas de Mau-gosto! Já me disseram que é verdade e que tem um artigo muito interessante sobre "pedras da calçada"!
Aqui vai o impenetrável texto...

A Democratização Mundial

O argumento americano de imposição da democracia no mundo islâmico não recolhe simpatias na Europa. Desacordo que se deve sobretudo à consciência de que a ordem mundial actual é fruto do projecto americano de hegemonia mundial, na defesa da descolonização mundial, do ensimesmamento económico de uma Europa habituada a ser Mundo.
A criação de soberanias em culturas sem tradição política, prática de interesse público ou experiência de prudência e compromisso, eivadas de ressentimento pelas desigualdades naturais do mundo (tornadas pecado pelo socialismo), criou uma interpretação moderna e internacionalista do Corão, incompatível com a existência do mundo não-islâmico. As monarquias tradicionais perduraram, ainda que protegidas pelas potências coloniais, preservaram-se os modos de vida das populações, a estrutura socio-política antiga, adaptaram-se à ditadura do tempo e da contingência, mas encontram-se cercadas externamente pelos “fundamentalistas” dos direitos humanos (na AR já lhes chamaram “fascistas”). A incompreensão do sistema tradicionalista como único testado pela História, capaz de suportar as crenças islâmicas e um compromisso com o Ocidente “todo-poderoso”, só poderá resultar num “conflito de modernidades” e subsequente destruição cultural do mais fraco.
As políticas descolonizadoras deram Poder a uma voz que não queríamos ter de ouvir. Malhas que o Império teceu!