quinta-feira, abril 13, 2006

Nação, Nacionalismos, Globalização


Um inimigo é ouro para os que se definem por oposição. Hoje temos a globalização como factor de definição por antinomia, para unir as várias tendências “anti-establishment”, para as ordenar e colocar no recreio onde possam ser controladas. Esse é o perigo das ideologias e de tornar a Nação uma ideologia (a actualidade do “Contra Todas as Internacionais” é hoje maior que nunca). O Nacionalismo, quando desenquadrado da Nação de que trata, é algo de imperceptível... Resulta na defesa de uma “coisa em si”, que não o é! As nações não existem em si, não são auto-justificativos de uma acção, não são a mais elevada esfera universal. As Nações são fontes do Ser e não o Ser... É como seu servidor que o Estado se relaciona com os outros.
A globalização não é um dado histórico, uma ameaça ou uma oportunidade. É o resultado da generalização de recursos tecnológicos que alimentam a proximidade (mundialização) e de uma necessidade de fazer a gestão dessas proximidades (globalização). Uma necessidade tão premente nas interdependências da aeronáutica, das patentes e do comércio, como foi a readaptação tecnológica dos exércitos ao longo de todos os séculos. Quem não se adaptou desapareceu, como bem demonstram as infindáveis páginas dos livros de História. Quem se recusa a utilizar a roda acaba sempre por perder a corrida (os proteccionismos sistemáticos representam a própria antítese dos fins naturais de subsistência da Nação, porque, quando utilizados como forma de protecção dos interesses individuais, destroem o património comum. O proteccionismo sindicalista é sempre, maliciosamente, afirmado como egoísmo nacional, quando é precisamente o oposto dos fins da Nação)
O objectivo endógeno será sempre que o Estado represente o Ser, e que o Estado zele pela manutenção desse Ser nas inevitáveis instâncias de gestão do mundo.
O objectivo exógeno será sempre combater os que pretendem tornar as instâncias uma fonte de legitimidade autónoma. Nos últimos anos tem havido um aumento nas tentativas de gerar no ambiente internacional uma ideia de que as convenções internacionais possuem um espírito superior à contratual de seus membros. Esta ideia cosmopolita-internacionalista, tão cara à esquerda, que se funda nos disparates da cidadania global, é uma ameaça de calibre igual aos que tendem a fazer da política de alianças portuguesa, algo mais que uma forma de preservar e engrandecer, o Ser Português. Erram os que vêem na Europa algo mais que uma forma de preservar Portugal (a Europa das carnes, futuro matadouro único europeu), como erram os que vêem no Global algo mais que a gestão possível dos interesses das várias Nações.
Ambos são anti-nacionais, porque ambos não visam Portugal como fim!

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