terça-feira, julho 19, 2005

O Terrorismo Vem de Dentro


O Duarte Branquinho fala sobre a questão da assimilação e sobre a possibilidade da sua existência real. Levanta três questões que me parecem ser as principais nesta matéria.
Até que ponto existe uma assimilação verdadeira nas nossas sociedades?
A imigração é fomentadora do Terrorismo?
Porquê insistir no Multiculturalismo?

Apesar de serem três questões distintas a sua resposta é una.
Como na fábula do Escorpião e da Rã a nossa sociedade, enquanto nos ferroa, clama “é a minha natureza”.
A a natureza da sociedade ocidental contemporânea é de facto auto-destrutiva.
Uma sociedade que afirma não ser regida por nenhuma ideia ou moral suprema é uma sociedade que não tem critério para nenhuma das suas acções a não ser a razão da força dos muitos. E fruto disso é a inexistência de um critério para a “pertença”.
São estas sociedades, abertas, vazias e modernaças, a grande ameaça e incentivo ao terrorismo.

Na segunda metade do século XX deu-se um surto enorme de terrorismo.
Os imãs eram também gente que não se inseria nos pressupostos da sociedade, uma vez que a sua ideologia era absolutamente incompatível com a existência de uma essência nacional que atravessa os séculos num vínculo moral. Eram um conjunto de fundamentalistas do Círculo do Comité-Central... Das ARA, PRP-BR...
Dir-me-ão alguns (revelando a inutilidade do seu pensamento) que os que combateram a Nação são portugueses. Esse é o seu pacto com os traidores... Mostram o seu erro por terem uma concepção tão vazia da nacionalidade como os seus amigos abrilinos (em quem filiam o seu pensamento na treta democrática e pós-moderno).

É precisamente esse o erro destes tempos.
Todos pertencem ao grupo, mesmo os que o visam destruir. Todas as concepções são aceites, mesmo as que renegam a existência da sociedade que as abriga...
As sociedades de hoje, pouco preocupadas com qualquer elemento de coerência, afirmando-se como verdadeiras ditaduras relativistas afirmam com gravidade “pensa o que quiseres, desde que não actues em conformidade”...
Por isso a tão proclamada liberdade de expressão acaba na mesquita. Não terão os islamitas radicais tanto direito a pronunciar-se a favor da morte de civis inocentes, quanto os comunistas que apoiam a ETA?

Que pertença pode existir numa sociedade onde a desarticulação entre as lealdades é ponto-de-honra? Onde se afirma uma multitude de lealdades não têm de estar subordinadas a um mesmo Bem Comum há lugar para todos, incluindo o inimigo! Só que onde a variedade é religião não existe critério para aferir quem é amigo e inimigo, nem quem pertence ou não pertence à comunidade política.

Por isso se escolheu fazer guerra ao terrorismo islâmico e pactuar com os “etarras” e seus sequazes. É mais fácil dizer que um sujeito de turbante na cabeça é o inimigo do que o vizinho do lado que se passeia alegremente nas ruas de jeans Levi´s e t-shirt...

É óbvio que o que está mal é a rejeição de um critério coerente de partilha societária, em que a cultura própria, ao invés de uma cultura de diversidade sem limites, surge como ordenadora e harmonizadora das naturais diferenças de função da sociedade.
É evidente que a assimilação social e política não pode ser apenas uma inserção no tecido produtivo, nas actividades laborais[1].
É claro que a sociedade que afirma aceitar tudo, mas que se dispõe a cercear algumas ideias, não o fazendo a outras igualmente nocivas, é uma sociedade iníqua.

Só se estranha o silêncio.

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[1] O que remete de novo para a refutação da teoria liberal que considera o vínculo político como uma convergência de vontades e interesses económicos e racionais... Não é o comércio, nem são os muros a essência da cidade, como viu Aristóteles.

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