segunda-feira, julho 18, 2005

Factos Positivados

Estamos mal quando a referência a uma questão moral simples levanta tantas dúvidas, como se fosse um conceito metafísico complexo. Como se pode falar de “política” sem ter noções e conceitos básicos, encará-los como grandes “quebra-cabeças”. Como disse Santayana “É preciso conhecer a História da Filosofia para que não se incorra continuamente nos erros do passado”. Isto é fácilmente transponível para a nossa reflexão! Todo o pensamento parte dessa correlação com a realidade. A percepção da realidade parte do senso-comum e não de um “real” positivista!

Esse é precisamento o erro do positivismo cientificista. Considera que as suas realidades são prévias ao mundo (como se o método científico fosse, ele próprio, regra divina).
A colecção de afirmações desprovidas de sentido filosófico tem vindo a aumentar nos últimos tempos, revestida de compreensão profunda de matérias gnoseológicas.
O positivismo não é uma doutrina “enquadrável” num sistema de valores...
O positivismo é um conjunto de doutrinas que explicam o “dever ser” com o “ser”. O hegelianianismo (de forma mais sofisticada do que aqui observamos) postula que o que existe é o que “deve ser”, pois que é um passo num progresso para algo que não podemos compreender. O positivismo comteano afirma que a verdade da ciência é indiscutível e demonstrável universalmente.
Estas ideias são ambas positivistas e ambas erradas.
Ao inserir o real como um facto consumado (sem capacidade de explicar porque é que isso é um facto, como observa MacIntyre) encerra-se o pensamento numa categoria não analisável.

Esse pensamento não analisável é o horizonte do positivismo, refugiando-se no facto (grande mito da modernidade). Quando se diz “isto é um facto” está a fazer-se uma profissão de fé no observável. Newton dizia “todos os corpos se atraem, a gravidade é um facto”. Einstein disse “todos os corpos curvam o espaço, isto é um facto”. O conhecimento científico é por natureza provisório... Os factos de Newton deram no que deram...

Mesmo concedendo no “facto” é fundamental fazer a pergunta “porque é que o deverá continuar a ser?”. Já sabemos que o positivismo afasta a capacidade de observar um “dever ser”...
Sem uma tradição moral não é possível perscrutar algo para além do que existe.
Porque é que não deve haver uma comunidade política dos que têm sangue de tipo A?
Também este é um facto científico! Ou de mongolóides? Têm uma estrutura cromossómica diferente das outras pessoas!

Afirmar que não existe Tradição sem etnia (leia-se raça) é insistir no “gag” de que a Tradição é a manutenção de um status quo, a preservação de tudo num ponto da História, um fixismo. Como se não existisse uma Tradição Católica, uma Tradição Jusnaturalista, uma Tradição Estóica, uma Tradição Empirista! Ou seja Tradição é a Essência, aquilo que permanece no Homem, nas Instituições!

Por tudo isso se compreende a afirmação de que nada seja superior a nada a não ser que exista a esse título consenso! É a bactéria 50%+1 a fazer vítimas em todos os sectores. Se só o que leva o carimbo do consenso é passível de ser superior...