quarta-feira, junho 22, 2005

A Fortaleza dos Fracos de Espírito

É uma ideia estafada, mas em Portugal os conservadores são progressistas. Um país em que o regime não busca a permanência, em que a revolução institucional e administrativa é a única forma de constância, elevada a religião por ministérios da Reforma e promessas eleitorais redentoras, não tem meios de criar algo que possa ancorar numa concepção de “concreto”, que possa alimentar as “massas”.

Convém relembrar o que já dissemos sobre a noção aristotélica de Politeia. A Politeia é o “regime constitucional”, aquilo que se poderia definir na terminologia histórica americana como “Republic”. Opõe-se à Democracia, por ser um regime recto, que encontra fundamentos como limites à sua acção.

Nessa ideia ou conjunto de pressupostos podem unir-se várias tendências, que nunca serão uma vanguarda, mas que podem servir de barreira aos atropelos nihilistas dos que não vêem distinção entre homem e mulher, criança e adulto, o bom e o mau, o veneno e o pastel de nata.

Falta o “concreto”, a que os espíritos menos especulativos sofregamente se agarram.
Falta um “concreto” em que se somem a prudência e a tradição numa “theoria”, passada a ideia.

Só há dois caminhos.
O recrudescer do corpo, de que aqui falamos!
O recrudescer do espírito, que temos vindo aqui a falar há algum tempo.
E o corpo é sempre inferior ao espírito, mas mais concreto…