Jornalismo de Causas
A neutralidade dos jornalistas parece ter sido substituída, nos tempos que correm, por um jornalismo de causas. Mas a quem caberá a escolha das causas? Aos proprietários, às maiorias, ao Estado?
Quase todas as semanas vemos jornalistas galardoados com prémios com nomes como “Jornalismo contra a Indiferença”, “Reportagem pelos Direitos Humanos”, “Prémio Amnistia Internacional”. Será lícito que um jornalista receba um prémio por difundir uma mensagem? E quem pode controlar essa mensagem, quem escolhe os valores a inculcar na sociedade?
A tão apregoada liberdade de expressão, autoproclamando-se às restrições do Estado Novo, afirma-se a favor de causas. Onde havia restrição em favor da causa pública (a omissão de greves, de mortos em combate) passou-se a uma restrição anti-discriminatória (omissão da origem dos criminosos, exclusão de referências religiosas). Será isto lícito?
Se os jornalistas do Estado Novo se encontravam persuadidos a defender a causa da Pátria, hoje estão persuadidos às causas contemporâneas. Existirá alguma diferença entre o jornalista que é despedido ou não encontra trabalho por não defender a tolerância absoluta?
Existirá alguma razão para que órgãos públicos de comunicação social afirmem que o perfil para se ser jornalista é ser tolerante? Há razões para que se aceite que a jornalista Márcia Rodrigues tenha dado uma entrevista criticando candidatos a jornalistas da RTP, por não serem permissivos em relação à homossexualidade, tendo-os rejeitado na entrevista de emprego por essa razão?
E porque razão se encontra sempre nos debates da Nação um representante dos jornalistas? Como se houvesse qualquer tipo de comparação de figuras históricas como Adriano Moreira, Arnaldo de Matos, António Barreto com... Adelino Gomes!
São superiores em quê?
Já é tempo de uma vassourada...
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