sexta-feira, maio 13, 2005

Modernidade, Liberalismo e Racismo

O nosso amigo Buiça achou um pouco fantasiosa a identificação que fiz da sua religião, o liberalismo, e do racialismo biologista. Achou uma “novidade na ciência política”!
De facto não existe qualquer novidade na coisa…

É com a grande desagregação do institucionalismo que emerge a concepção liberal, desagregadora da ordem, sempre ladeada de novas reformulações de critérios de pertença política.
Uma determinada posição política implicou, constantemente, uma reequação da problemática da pertença comunitária.
O institucionalismo postulava a participação (consciente ou não) numa ordem, um conjunto de pressupostos obrigatoriamente subordinados ao topo hierárquico. A modernidade veio trazer a erosão dessa concepção, ao considerar que a pertença comunitária seria independente da ordem. Ao tradicional que considera o homem como peça na engrenagem dos tempos (inserção numa continuação histórica), o esquerdismo moderno tentou fazer prevalecer o indivíduo como reduto essencial da comunidade política.
À medida que se desagregou esse conjunto de tradições, tentou-se substituir essa pertença institucional por um conjunto de ideias novas. Assim surge a tentativa de Saint-Simon, um dos fundadores do esquerdismo europeu e precursor do marxismo, de definir como pertencendo à comunidade os indivíduos com uma mesma origem racial.
É um factor demonstrativo da desagregação da ordem que se “dispa” o homem da sua existência institucional, histórica e tradicional e passe a ser caracterizado por um conjunto de genes ou características fisionómicas.
Esta concepção perdurou no ideário de esquerda por muito tempo.
Os esquerdistas da I República fizeram esta mesma apologia…
Tentaram, como grande parte dos utilitaristas da monarquia republicana do século XIX, restringir a pertença política a uma massa informe de gente com as mesmas origens, mas não inserida num contexto filosófico.
Esta descontextualização do homem é um ponto essencial da “política de massas” e do totalitarismo, ponto observado por Burke, Tocqueville e Gassett e no facto já muitas vezes referido da impossibilidade de julgamento moral do homem do Homem desenraízado.
É o assumir completo de que a política não deve ser uma partilha noética, uma partilha do “ser”, e não uma partilha do que é inferior, como características genotípicas. Pobres dos que encontram como fundamentalidade do seu ser, as características do seu corpo, porque estão condenados a viver na “Cidade dos Porcos” a que aludia Platão, a cidade da materialidade, do efémero e do passageiro…
Pobres dos que não conseguem encontrar na “teleologia”, a ciência dos fins, o espírito que os insere, que os faz grandes no serviço do eterno!
Como sempre a tradição aristotélica-tomista apresenta a solução, contra os disparates da modernidade…
A essência do objecto está nos seus fins e não na materialidade que a compõe!
A essência está sempre na realidade, porque é nela que existe a “ideia”!
Cabe-nos cumprir essa natureza, revelando e realizando a “ideia” de Homem!

Etiquetas: