terça-feira, fevereiro 01, 2005

Mais Sobre o PND

Já deixei aqui um post de críticas ao PND. São críticas que dirijo ao PND como a todos os partidos! Odeio em particular os “partidos de eleitores”, os partidos que nada defendem. Sou contra essas massas informes, contra a escolha de pessoas sobre ideias, contra as aglomerações de gente de interesses diferentes, contra partidos populistas.
Para massas informes, onde pessoas se aglomeram no intuito de chegar à teta, já há o PS e PSD. São uniões sem pólo que não seja o Poder. Conheço-os bem…
Estes partidos fazem o apelo a personagens e não a ideias, não têm uma ontologia própria. E já chegavam…

Quando um partido se vangloria de dispor de gente de todos os quadrantes ideológicos, fico com a ideia de que não vale a pena existir… Deve acreditar em pouca coisa!
Pior ainda quando um partido se assume como “aproximador” dos eleitos e eleitores, quando defende a democracia directa, como se não fosse mais do que “porta-voz” do povo! Não só não lidera, como afirma o “político” como mero receptáculo da sociedade. Um mecanismo vazio, sem identidade, sem valores que não sejam os da maioria.

É essa perspectiva, errónea aliás, que conduz a que se tome os valores como mera questão passageira, os homens como mero fruto dos tempos. Toda essa perspectiva é um erro. É um erro e deprecia os “valores”. Olha para os valores como dependentes da maioria, como se a Justiça não fosse independente da sua postulação. E assim será que se fala mesmo de valores? Essa é uma perspectiva abjecta e perigosa! Lembre-se que o nazismo também era uma concepção de classe média… e popular!

Neste caso o exemplo paradigmático é Salazar! Salazar não foi, de forma alguma, um “homem do seu tempo”… Salazar não se movia nesse puro eixo de interesses em que o populismo democrático impera. Para ele o Bem Comum de Portugal, sempre subordinado à moral, era a lei suprema! As maiorias uma questão de contingência, uma questão prudencial. Não fosse assim e Salazar talvez “vendesse” as colónias, talvez aceitasse a descolonização, como todos os Impérios já o estavam a fazer…
Afirmar que Salazar hoje seria liberal é não lembrar a introdução do Estado-Providência pelo Professor. Também é de validade duvidosa (“se a minha tia tivesse rodas talvez fosse uma trotineta”)…

Salazar foi um génio da prudência, mas um homem de valores…
E é uma perspectiva muito limitada afirmar que era um mero demagogo, um mero defensor de Ordem, Pão e Segurança (vontade do povo), é perder o essencial.

Para minha grande tristeza o PND em nada rompe com os partidos que temos. Defensor da maioria, das classes médias, do “cada um que se desenrasque” (neo-liberalismo), dos referendos abortivos…
Mais um partido atrás do Mundo!

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