segunda-feira, abril 30, 2007

Domar a Vontade





















Em Platão e Aristóteles a Razão apresenta-se como uma virtude essencial, mas não a mais elevada que o homem possui. A natureza da Justiça, a mais importante virtude, contudo, não sobrevive sem essa disposição da alma que lhe é anterior e imprescindível. Se em Platão a Justiça não é mais do que a ordenação da alma e da Cidade segundo os ditames da Razão, uma extensão actuante do conhecimento, em Aristóteles a ordenação da alma à Justiça, uma vez que não existe essa coincidência perfeita entre Conhecimento e Justiça (por via da incapacidade do conhecimento ser absolutamente fundado no elemento demonstrativo), requer também um conjunto de elementos práticos e de hábitos que permitam a obtenção não apenas uma visão do Bem, mas uma acção que mais se aproxima dos bens externos. Em toda a compreensão racional, na filosofia aristotélica, existe um ponto em que partimos para a aceitação de uma fundação, muitas vezes não fundada demonstrativamente (caso não paremos de inquirir nunca poderemos estabelecer nada). O problema do racionalismo e do projecto cartesiano reside precisamente na incapacidade de encontrar esse ponto de apoio. Por possuírem a consciência de que a construção filosófica pode partir de um elemento científico não-axiomático (veja-se a quantidade de vezes que Platão utiliza como apoio e sustentáculo de uma ideia a autoridade de homens sábios, os clássicos que o precederam) existe um elemento evidente de que a fé existe como parte da Razão e que será aprofundado por São Tomás de Aquino.
Sabemos que a “ciência positiva” nada prova, que é apenas uma forma provisória de conhecimento e por isso ficamos em necessidade de uma ciência que estude a forma como essa parte fundamental do conhecimento se estrutura, de maneira a que essa fé, indispensável à racionalidade, não prescinda do conhecimento e não sobreponha os seus desejos à Verdade. Precisamos da ciência do Bem, a Filosofia, para compreender qual a forma de submeter a vontade ao real e evitar o inverso.

domingo, abril 29, 2007

A Olhar para o Dia de Ontem...

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sexta-feira, abril 27, 2007

Sobre os Caminhos e as Imagens





















Creio que a tradição da Igreja é o horizonte que dá ao ser humano o melhor vislumbre do que é a verdade do Sobrenatural. Não entrando na discussão teológica, parece-me ser seguro afirmar que esta discussão sobre o "limbo" é mais reveladora do desejo de criar um Deus à imagem do Homem e por este vinculado, que outra discussão qualquer.
O Homem não tem outro instrumento para compreender que não seja a razão. Instrumento limitado, mas muitas vezes suficiente para compreender para além do seu mundo. Felizmente, ao contrário do que vão pensando os mais ousados, a razão humana não tem capacidade de dar ordens a Deus. Quando observamos a Doutrina da Salvação vemos com perfeita clareza que a Revelação sem a sua tradição interpretativa é tão maleável que conduz inevitavelmente ao erro e à Morte de todo o Espírito. Este assomo de protestantismo vem da parte de todos os que consideram que a sua interpretação da Divina Misericórdia deve prevalecer acima da forma como ela é entendida e se estruturou durante séculos. A Divina Misericórdia sempre existiu, mas alguns consideram agora que só quando Esta ultrapassa a Tradição e lhes serve o seu desejo e o conforto de ver os que não tiveram capacidade de vislumbrar a Graça aproximados da Visão Plena, se pode considerar que esta governa a Igreja. Parece-me evidente que a nossa razão, como bem revelou São Tomás de Aquino, não consegue vislumbrar as razões para que alguém se salve sem Cristo. Seria preciso, contudo, uma fé dogmática na razão para achar que Deus não vive para além da racionalidade que o homem consegue aperceber. Crer nisso é crer que demasiadamente na capacidade humana para a interpretação e, segundo me parece, esgotar nas palavras dos homens a Palavra de Deus. Parece-me tão errado querer vincular Deus a um desejo deste mundo, como crer que a Tradição esgota o transcendente.

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O Predomínio do Liberalismo Ideológico














Uma das vertentes mais importantes do "Liberalismo que temos" é a aceitação dogmática do 25 de Abril. Não importa que um português do Estado Novo pudesse passar uma vida sem encontrar o Estado (como disse Pulido Valente), que o Estado tivesse muito menos peso na Economia e tivesse meramente como intuito o enquadramento político para que o social-económico florescesse por si. Não interessa, porque para a esmagadora maioria dos liberais portugueses a política é apenas um dogma ideológico, o liberalismo é apenas um sucedâneo da falta religiosa e uma forma de fechar a mente da realidade, ao invés de a abrir ao real. É um jogo de percepção da realidade, mas viciado à partida pelo que se quer ver. Os mais atrevidos, os que ousam demonstrar a forma como esta forma de pensamento se tenta implementar para controlar a nossa percepção da realidade, são muitas vezes desajustados e escorraçados. É o peso da liberdade.
O Pedro Arroja demonstrou a forma como "Inquisição anti-semita", e de como esta é criação dos filhos do Marquês (as forças da secularização), e como a verdade secularizada não tem sido mais que os interesses do Estado.
A machadada final veio quando o Pedro Arroja afirmou o exercício extremo de cuidado na análise dos posicionamentos intelectuais de judeus, pela forma como estes colocam a continuidade comunitária acima do elemento Verdade. Caiu o Carmo e a Trindade...
Infelizmente parece-me que o Pedro Arroja tem razão. Quando se possui uma mundividência que se sobrepõe à verdade (a ideia de que mesmo um judeu que abjura os princípios da sua fé, faz parte do Povo eleito) e que está ligada por laços de consanguinidade e genética acima dos vínculos espirituais, nada mais normal que a continuidade comunitária ser o sumo guia da acção humana. Dizer que esta relação entre fé e razão no Judaísmo é desprovida de interesse para reflectir sobre a valia de uma argumentação é, não apenas uma idiotice, mas uma idiotice politicamente orientada. É o mesmo que afirmar que sou racista por desconfiar de um niilista que discursa sobre a verdade...
Esta orientação política perante uma realidade pré-estabelecida pela Vontade é a verdadeira face do liberalismo ideológico. E eles não querem que exista outro, como é evidente pelo cerco ao Pedro Arroja...

quinta-feira, abril 26, 2007

Avanços na Matemática















Ontem tive de passar na Av. da Liberdade à hora da apoplexia colectiva. Vi poucos milhares de pessoas numa marcha pesada, acompanhada de muito barulho. Quando cheguei a casa vi nos telejornais a notícia de que havia "centenas de milhares de pessoas na rua a festejar Abril". Estranho... Não estava um décimo das pessoas que estavam na última concentração da CGTP, que alegadamente tinha 200.000 pessoas. Como dizia o outro, "é fazer as contas".

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quarta-feira, abril 25, 2007

Gostei de Ler










Declaração de Princípios

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Dia de Traidores











Celebra-se amanhã o dia da libertação.
Há 33 anos os portugueses libertaram-se do peso de ter um país de nove séculos, com todas as obrigações e sangue que isso implica.
O Império implicava gastos. Eles que se matassem todos, para que os metropolitanos corressem a comprar discos proibidos e a supermercados.
Uma comunidade implica laços morais, com uma estrutura valorativa própria e determinada pelo interesse comunitário. Correu-se a ajoelhar perante os ídolos vazios e formatados pelas instituições internacionais, perante o vazio democrático preenchido pelos interesses de ocasião da maioria dos cidadãos.
Uma Nação implica uma acção colectiva com o intuito da salvaguarda da soberania. Num piscar de olhos entregaram-se todos os instrumentos que possibilitaram que esta acção histórica autónoma, independente e livre, existisse durante séculos.
O país de Marcello Caetano passou ao país ao país do Jorge Miranda. O país de Salazar, Franco Nogueira, Cavaleiro Ferreira, passou ao país de Paulo Pedroso, Ana Gomes e Odete Santos.
Mandava-os todos a um sítio feio... Mas há trinta e três anos que vivemos nele.

terça-feira, abril 24, 2007

Senhor, Torna-nos Carneiros!
















O Estado e os seus sumos-sacerdotes jornalísticos continuam a sonhar com os campos de concentração. Agora os vultos informes e débeis não estão fora, mas dentro da sociedade. O objectivo é transformar os homens em dóceis escravos do Poder e da máquina. Por isso se culpa a Força! Dizem-nos que problema de um assassino não é ser acometido de um mal, de um vício, de um defeito. O problema está no músculo, dizem eles, na capacidade de destruição de um homem por aquisição de uma arma. Erram. A culpa não é da Força, que esta é indissociável das finalidades que persegue. A culpa está precisamente nessa ideia de que só existem graus de quantidade de Força e que a parte importante da Força, o seu elemento definidor, o Bem ou o Mal que serve, não existe como critério.
São os que defenderam a educação vazia e despida de valores, o prelúdio cultural do totalitarismo político, os que defendem o ódio às armas. São os que defenderam a sociedade sem fins, que agora se revoltam contra os meios. São os que defenderam o vazio quantitativo da “celebridade” ao carácter heróico e qualitativo da “virtude”, que agora vêm dizer que não gostam de uma sociedade onde se mata por notoriedade.
Continuam a achar que é culpa do músculo, da força e das armas…

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Direita sem Pele de Lobo















Parece-me uma notícia de relevo a publicação de mais um número da Alameda Digital. Um trabalho cada vez mais sedimentado e que vai no sentido, que me parece mais sustentável, de não buscar o espalhafato e o sucesso fácil da adesão ao "slogan". E ainda que vá ganhando difusão, parece-me fundamental e acertada a existência de um espaço que busque mais a qualidade que a quantidade dos leitores. Falta muito caminho, mas só andando lá se pode chegar...
Há muita coisa a ler. A estreia do Simão Agostinho, este texto sobre o papel da Ideologia que quase parece uma resposta ao Manuel Azinhal, uma carta sobre Cristandade e Europa do Rafael, uma defesa da Europa pelo MCB (a que terei de dizer qualquer coisa) e esta excelente reflexão sobre o crepúsculo europeu, de Abel Morais. A secção cultural vale bem a pena e é aposta.
Depois digam-me se não gostaram...

segunda-feira, abril 23, 2007

O Impronunciável



















Um cravo branco...

Mais Sucata Ideológica























Há uns anos foi proclamado por muitos politólogos o fim das ideologias. Ao observar a queda do muro, perante este lado vencedor, mais pragmático, muitos homens de visão proclamaram a ideologia extinta, pelo simples facto de a não conseguirem ver.
Não a conseguiam ver por adoptarem uma perspectiva objectivista e racionalista dogmática, absolutamente ignorante de que para a sustentação de uma observação o sujeito também conta e deve contar. Ao confundirem a boa-fé científica com o positivismo, os cientistas esqueceram que todo o aparato conceptual é uma construção não neutra e que ela própria é condicionadora da verdade objectiva.
Quando se fala de fim das ideologias não se está, infelizmente, a falar apenas das ditas. As ideologias, pensamento que reduz a realidade a um desejo ou concepção sobreposta à realidade, são uma coisa a ser abolida, mas o que se pretende agora com essa ideia é retirar todo o elemento de racionalidade, que não seja o auto-interesse e a funcionalidade, da escolha política.
O problema, como é evidente, não está nas ideias, mas no critério que preside à escolha. Hoje na TV, uma militante de bases do CDS congratulava-se com a ideia de que o partido agora poderia ir buscar soluções à esquerda e à direita. A confusão é evidente!
Todos os partidos podem ir buscar políticas e soluções a outros campos, desde que estas não entrem em atrito com os princípios que os partidos visam defender. Mas quando se reduz um partido à sua mera funcionalidade, sem ideia de que este apresenta a finalidade de alcançar o Poder com o intuito de fazer algo que excede essa luta, está-se a aceitar como paradigma um utilitarismo que vai contra toda a concepção saudável e tradicional da política. Não compreender que toda a política é moral e implica ideias e princípios (o que é a justiça senão um critério?), é fazer o jogo da discricionaridade e da política como actividade de cariz técnico, que sempre foi apanágio das esquerdas...
O grande legado da ideologia encontra-se nessa redução do mundo à funcionalidade, que simula uma neutralidade para esconder os seus verdadeiros propósitos.

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domingo, abril 22, 2007

Estados de Alma
















A Direita não tem ideias, nem sequer as pretende ter. A vitória de Portas, assim como a histórica decisão de passar à eleição do líder por directas, são sinais dos maus tempos que aí vêm. São maus augúrios porque deixam os líderes à mercê dos eleitores. A vitória de Portas é uma cedência dos princípios (Portas não os tem e gabou-se disso aos telejornais de hoje) à eficácia do combate pelo Poder, sinal de que os militantes do CDS preferem ter os mesmos princípios que o PSD para voltarem a sonhar com as assessorias governativas a que julgam ter direito divino. Esta é a grande vitória da democracia “centralista”, na medida em que consegue puxar para si o único partido de direita que existia no seu espectro. Enquanto Durão Barroso havia explicado que o PSD era um partido contra a “sucata ideológica”, Portas veio mostrar o CDS como um partido que se preocupa com os problemas reais das pessoas. São os dois o mesmo tipo de vendedores de “banha-da-cobra pragmática”, claro está, porque as ideias são formas de resolver problemas e quem não é suficientemente lúcido para perceber isto arrisca-se a ir longe neste país do faz-de-conta. Lembro-me de há uns anos os estrategas do CDS terem tentado capturar a ala direita do PSD. Agora o CDS quer tomar o lugar do PSD...
E a tão propalada extrema-direita, o que é que nela reside de Direita? Não gosta do apodo e não defende nada do que historicamente a Direita portuguesa sempre foi. Aqueles gritos mártires de “Viva Hitler” devem fazer-nos todos indagar quem são os seus camaradas...

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sexta-feira, abril 20, 2007

Terapias de Substituição
















Através de disfarces o regime vai continuando. Ele não é a defesa da anarquia e do poder popular, como durante tantos anos a direita mais míope pensou. É a ditadura do vazio, que é uma réplica subreptícia de tudo o que tivemos de mau no século XX, mas com bens de consumo.
Diziam-me que a diferença entre o Estado Novo e Abril era a existência de uma polícia política. É verdade, mas basta que se tipifiquem na lei comum crimes de consciência, para que uma polícia se assemelhe funcionalmente à PIDE.
Não me parece que exista alguma dúvida de que uma grande parcela dos males do Estado Novo foi a impreparação dos censores e da polícia política. Gente impreparada e analfabeta estava sempre disposta a usar o lápis e a “conversinha” para dissuadir todas as ideias que não conseguiam compreender, mesmo as que não iam contra os princípios da ordem pública. É isto que me vem ao espírito ao ler que foram apreendidos exemplares do Triunfo dos Porcos de Orwell na sede do PNR.
Se fico sempre feliz quando há operações contra o tráfico de droga e contra a posse ilegal de armas bem sucedidas (aguardo os resultados desta e o número de condenações), fico mais preocupado quando se pune a posse de livros. A Biblioteca da CML tem várias edições do Mein Kampf, assim como a Biblioteca de qualquer universidade tem de possuír uma quantidade de escritos anti-semitas e racistas. Estarão a fazer difusão de mensagens de ódio? E o que dizer da iconografia de defesa do tráfico de estupefacientes que todos os dias encontramos nas ruas sob a forma da folha de “cannabis”? Porque não é esse apelo a uma prática criminosa atacado como os portadores de suásticas e de mensagens racistas?
Da minha mente deformada não sai nunca nenhuma defesa da “liberdade de expressão”, porque não o considero como um direito em todo o tempo e lugar. Aceito restrições à liberdade de expressão, mas apenas em casos que não sejam de consciência, mas de perigo real (atentado à vida, propriedade, bom nome) que represente uma ameaça política. Aceitaria todas estas acções se elas representassem um perigo maior que o que é gerado pelos ódios de classe instigados por Louçã, Odete Santos e comparsas.
Aceitaria tudo isto de bom grado se não me viessem com a conversa das liberdades de consciência e da democracia...

quinta-feira, abril 19, 2007

A Acção depois do Mundo que Acabou













Tempos houve em que nos podíamos dar ao luxo de não discutir Deus, a Pátria ou a Família. Agora é simplesmente um mau serviço que prestamos a essas bases de qualquer sociedade se não as conseguimos discutir, mostrando como uma sociedade sem essas traves-mestras é uma sociedade doente.
Quando dizemos que algo obedece ao Bem Comum, não estamos a dizer que é ideia perfilhada por todos, mas que existe nessa ideia uma vantagem para todos os membros. Somos inevitavelmente partes, mas libertamo-nos dessa parcialidade pelo pensamento e pela natureza racional. Por isso ser uma parte, como foi o Condestável, como foi Salazar, não implica parcialidade. Há homens capazes de ver o Bem Comum e outros que não. A diferença entre a União Nacional e o PCP é precisamente a forma como uma defendia o Bem Integral da Nação e outro um suposto conjunto de bens privados. Embora ambos sejam parcelas, tomo sempre o partido dos primeiros…
Esta parece-me ser a questão essencial.
Na comunidade que se deseja é fundamental que nem tudo seja discutido. Este limite de fechamento de uma sociedade deve ser o máximo horizonte da discussão política (não da intelectual, porque não deve haver limites ao conhecimento). Infelizmente não vivemos nessa condição em que havia bons consensos sociais sobre o papel de Deus, da Pátria e da Família na vida dos homens (e infelizmente não são verdades auto-evidentes). Há que discutir e que lutar. Da mesma forma que foi parcial a nossa acção cívica no Referendo à Vida esta, lutou pelo Bem da comunidade. Nem sei se num tempo de partidocracia é possível qualquer acção política que não passe por partidos, da mesma forma que a causa dos pobres numa oligarquia tem sempre de ser defendida pelos ricos. A minha posição é a mesma que em relação à Monarquia por via referendária. É aceitável se assumir que o objectivo é terminar com a partidocracia e restaurar a primazia do Comum sobre os interesses privados. É aceitável toda a acção, partidária ou não, que conduza ao ultrapassar de uma situação em que a oposição critica tudo o que o Governo faz, por encarar a política como um jogo clientelar de luta pelo Poder. Se a essa parcela social se chama partido, movimento ou associação, é indiferente.
Esperar que seja a Providência a fazer todo o trabalho é que já é mais arriscado…

Partidos e partidos













Parece-me que, apesar de palavras com ressonâncias diferentes, todos concordamos no perigo da partidocracia. O perigo não está na existência de partidos (posições distintas e agregadas com vista à obtenção de finalidades políticas), mas na divinização do Partido como alfa e ómega do horizonte político. É certo que os amigos GdR e Réprobo têm razão no que respeita à “guerra civil partidocrática”, mas esse é problema que só existe onde o Estado não baliza e limita as opiniões em prol do Bem Comum. Por mim, todos os partidos que se mostram como defensores da dissolução da soberania de Portugal atentam contra a comunidade, assim como todos os que não vêem como norma o benefício da comunidade e a manutenção de suas liberdades. Isto não é democrático? Também não o foram todos os homens que construíram Portugal até à I República e não consta que fossem piores governantes e menos virtuosos que os que temos agora.
E vejo aí tanta gente a falar da herança democrática e constitucional anglo-saxónica que estranho não ver mais vezes as expressões “test act” e “sedição”, como parte integrante dessa nobre tradição. Já pensaram porque razão o Labour não é um partido socialista como os demais?
O perigo do partido é tornar-se Partido. No Estado Novo houve partidos… e muitos. Apesar da falta de consubstanciação formal os partidos agiam com particular veemência, basta que se veja o sucedido no “golpe” após o acidente de Salazar.
Parece-me que o problema reside precisamente na sua consolidação jurídica e na ideia “eastoniana” de que eles devem fazer o enquadramento político dos futuros governantes. Quando o Partido leva ao Povo a política que este gosta, cargos, honrarias e ajudas de custo, está tudo preparado para um festival de egoísmos e auto-interesse que é o oposto da vida em comunidade e partilha.
Quando esta acção de enquadramento político vem acompanhada de um monopólio da participação cívica, o risco de se defenderem oligarquias em vez dos interesses comunitários aumenta exponencialmente.
Haverá sempre partidos. Mas fazer um sistema político e a governação depender deles é consagrar a política como um jogo que toma a luta pelo Poder como o todo.

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quarta-feira, abril 18, 2007

A Eliminação do Conflito














Como relembra o leitor Alex, a sociedade sem conflito é uma das grandes heranças do utopismo. Seja através de Rousseau que tentou criar a comunidade em que todos se submetem à comunidade pela participação de uma constituição, seja pelo comunismo que defendia o estatismo mais abjecto e inapelável, a ideia de eliminação dos conflitos através da imposição de um pensamento único (que é o pensamento vazio da submissão incondicional) comporta a ideia de que todos os comportamentos humanos devem ser controláveis e corresponder a uma maneira única (supostamente a melhor).
Se estas concepções foram adaptadas para a direita pelo Fascismo e por outras posições estatistas da não-esquerda, é preciso que se diga que são incompatíveis com a concepção cristã de Homem. O Homem não é perfeito e não o será. Será melhor ou pior, mas nunca se libertará do Erro neste mundo, sendo que por isso as várias posições sobre um mesmo assunto são mero reflexo dessa condição. Basta observar que quem discorda do que disse está a tomar um partido diferente...
O que preocupa é a substituição do Bem Comum por bens privados, ao abrigo de ideias que dizem não haver diferença entre a justiça e o interesse próprio dos governantes e a ideia que num conjunto de princípios defendidos pelo partido estão os fins da própria política e não no bem da comunidade. São esses os partidos da “guerra civil eterna” e que os membros aceitam que se vendam a interesses externos. O partido como finalidade da política, a partidocracia, é o que está mal, sendo que pode haver partidocracia de um (Nazi ou Comunista) ou de muitos (mera escolha de partido sem ligação ao bem colectivo).
Todas as sociedades têm conflitos. É para esse efeito que o Estado possui uma concepção de justiça, em prol do Bem Comum, para que se possam articular posições diferentes no seio da justa ordem. Ao Estado, ao contrário das cartilhas totalitárias que por aí se difundem, interessa apenas o conflito de relevância política. Somos partes, é certo, mas que têm de estar agregadas por uma finalidade. A agregação não é a finalidade, que para isso já nos bastam os sonhos igualitários e socialistas...

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Aroma Weimar


















Para além de Vital Moreira, que o AAA tem demonstrado como anda a fingir viver numa sociedade pré-fascista, o Daniel e a Joana também já descobriram que existe nos partidos da direita constitucional uma vontade de defender o fascismo.
Diverte-me esta incapacidade de análise auto-induzida, mas que não deixa de ser sintomática de um erro histórico relevante. A política do pós-guerra foi regressar ao ante bellum. Os medos e mitos são os mesmos, mesmo quando os fascistas não estão lá...
Infelizmente não estamos mais longe do totalitarismo, porque decidimos fingir que eles foram obra de animais e não de homens. E o liberalismo democrático e social que foi a sua antecâmara continua a dominar-nos, aproveitando para incorporar as elites comunistas de Leste, sem que as seja preciso reciclar. A natureza do império que vem não é muito distinta do predecessor nas finalidades, mas é mais sábia nos métodos.

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terça-feira, abril 17, 2007

Demências

A Câncio quase chorou ao desfazer-se de um aspirador...
Ter amor a objectos e não ter capacidade de amar seres humanos (ainda que não nascidos) é coisa de gente que vive em verdades privadas. Há outro nome para isso!

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segunda-feira, abril 16, 2007

Leitura Obrigatória

"A Tumba o Leva", pelo Réprobo.
Sem dúvida um dos melhores blogues que conheço.

Honrar o Sujeito

Vejo muitas críticas a José Sócrates nos dias que correm. Eu, porém, quero elogiá-lo por uma grande virtude. O homem não é hipócrita ou egoísta... O que tem feito no sector educativo, do ensino básico ao universitário, é apenas um reflexo do desejo que toda a gente tenha um canudo tão fácil de obter e tão desprovido de conhecimentos como o seu.

Os Partidos

Os partidos vêm com a política. Quando existe a necessidade de decidir e em sociedades de homens há sempre posições divergentes e por consequência tomadas de posição, apoios e sedimentação de posições por intermédio de acordos de princípios. Nada a objectar... É um processo normal, sem o qual a política e as nações dificilmente poderiam existir. A defesa de um princípio ou de uma medida aplicável a todo um território faz parte das características essenciais de um Nação.
Os problemas aparecem quando um partido ou um consórcio destes, com o espírito do sectarismo, se consideram acima ou o próprio limite do interesse público, não tendo de se dobrar a qualquer norma que não o seu próprio sucesso e dos seus membros.
Em Portugal tivemos como documento fundador da democracia o MFA-Partidos, que determinava o desvio máximo permitido ao Programa Revolucionário. Infelizmente todos os partidos que temos, excepto o PNR e PND, ainda alinham pela cartilha revolucionária e beneficiam e fazem o jogo do “acordo” com os militares. O CDS, quando toca à protecção do monopólio da direita, é o primeiro a gritar “fascista” para se mostrar bom aluno, lembrando os guardas e delatores judeus nos campos de concentração, dispostos a servir o inimigo para se manterem à tona. Não percebo porque é que o CDS não emite um comunicado de repúdio aos tempos em que Paulo Portas defendia severas restrições à imigração. Não me digam que lhe vão tirar a foto do Caldas!
É por estas e por outras que não se deve confundir partidos com partidocracia.
Houvesse em Portugal um partido defensor da civilização cristã, da continuidade histórica e moral da Nação e contra os europeísmos, socialismos, separatismos, biologismos e demais taras progressistas, e eu lá estaria...

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domingo, abril 15, 2007

O Grande Hotel da Beira

Como era...














Como é...





sábado, abril 14, 2007

Calma e Lucidez

"Motu Proprio?" pelo RCS.

sexta-feira, abril 13, 2007

A Modernidade Segundo Morissey



"I decree today that life

Is simply taking and not giving
England is mine - it owes me a living
But ask me why, and I'll spit in your eye"

Nasce Torto





















Cavaco e Sócrates estão ambos contra um acto referendário ao Tratado Constitucional Europeu. Acho curioso que os argumentos avançados sejam o perigo que constitui para o Projecto Europeu e a necessidade de não criar clivagens no “consenso sobre a Europa”. São dois argumentos muito curiosos. Parece-me evidente que se tal consenso existe, um referendo irá apenas revelá-lo. Esse é um dos princípios da Democracia... Estranho que não se tenham lembrado na altura do Referendo ao Aborto que a IVG constitui um perigo para a protecção da Vida Humana. E porque é que fizeram um referendo à regionalização, quando este poderia perigar a descentralização administrativa do Estado?
É uma democracia inclinada...

Forum Filosofia

quinta-feira, abril 12, 2007

Tristezas de Alma

Hoje não escrevo, mas deixo-vos esta reflexão do Peter Hitchens sobre a política partidária.

The question of what proper patriots should do in the approaching general election is one of the most important ones around, and is not yet being properly discussed anywhere else. But I don't want to go through the arguments again here, though I am aware that several of you are newcomers to this debate. If you go to the archives of this blog, you will find my arguments against the Tory Party set out in full, as well as my reasons for steering clear of trying to set up a new party until the Tories have collapsed.
My simple message is that people who wish to save the country should not vote Tory (or BNP). Voting BNP is positively dangerous and unpleasant. Voting Tory will encourage social liberals, EU supporters and cultural Marxists to think they have got away with taking over the Conservative Party, and ensconce them there for good. Refusing to vote Tory (frankly, I don't care who else people vote for, though it would seem silly to vote for the Labour or Liberal Parties either, since they are all in the same anti-British axis) is the first stage in a two-stage process. Stage one, split and weaken the Tories. Stage two, create a new party.
Why are two stages necessary? Why not start a new party now? Simple .The important thing is that the Tory Party must have obviously failed, and split into its component, irreconcilable parts. At that point, and only at that point, the millions of tribal, habitual Tory voters - who cannot be reasoned out of their habit - will be compelled to think because their old focus of loyalty has simply vanished from the radar screen of national politics. Labour, without the hatred of the Tories to hold it together, will suffer a similar fate. And that will be the moment when a new party, based not on class but on morality and patriotism, and transcending the old boundaries, may have a chance.
This is why I am NOT, as so many still believe I am, calling for a new party at the moment. It is also why I won't endorse any other party specifically. This would be futile until the Tory Party's tribal voters are cast loose.
This is discussed in the archives of this blog, where you will also find comments on the disgraceful rigging of the opinion polls to give the false impression of a Tory revival, so far contradicted by all real elections. What I'd ask my supporters to do is to see that these issues are more widely debated among conservative-minded people.
By the way, many of you may like to listen to the summary of my position I gave on BBC Radio 4's 'Start the Week' programme on Monday March 26. This can still be listened to on the BBC website.
I am, however, amazed that William Scales imagines I am still a member of the Tory Party, or that David Cameron is my leader. You can be a conservative without being a Conservative, and the distinction has seldom been greater - so much so that I begin to wonder if you can be a conservative and remain within the Tory Party, though I know some who try.
The central point remains that the Tories, even if elected, would govern as New Labour. What would be the point of that? It is not the job of the electorate to provide cast changes for a soap opera when the existing stars have become boring and tired. Our job is to replace a bad government with a better one.
I was specially grateful for Peter Charnley's quotation from C.S.Lewis's 'Abolition of Man', a potent and worrying essay which everyone should read (and whose title I partly stole for my 'Abolition of Britain' and 'Abolition of Liberty'.) The ideas in this brief book are also set out in Lewis's 'cosmic trilogy' - a series of novels which I know some people find tough in places but which is often captivating, and contains some brilliant depictions of how good people can allow themselves to be corrupted, of how there is no substitute for principled courage, and how attractive and seductive evil can be (but also how terrifying it can be, once you have sold your soul to it).
A Mr Lovibond maintains that the BNP has 'changed'. No doubt it has changed its image. Anyone can do that. Has it abandoned its constitution? Would he trust it with maintaining freedom of speech for its opponents? Are there no Holocaust-deniers still lurking in it?
Most tellingly, some correspondents rightly raise the problem - is the sort of society I advocate practicable? Can we ever return to a state, for instance, in which women are not forced by economic pressure to go out to work while they still have young children?
My answer is that, if not, we're finished morally and politically. And by the way, much of the money earned by women in this position, probably nearly all of it, is used to pay the incredibly high and oppressive taxes nowadays imposed on the most modest household.
And I don't imagine that we could transform things in a matter of weeks, months or even a few years. It has taken us 50 years and more to get into this mess, and it could take us just as long to get out of it. But if we want to raise future generations able to sustain an advanced free society, then we really do have to pay more attention to the vast gap in our child-rearing arrangements at the moment.
Some proper conservative measures - the restoration of preventive police foot patrols for instance - could be achieved in a month and would instantly transform our cities. The restoration of national independence would immediately greatly widen the number of things we are able to decide for ourselves. Other reforms, in education, housing, transport, town planning, family and marriage, could only be achieved slowly. What is certain is that the longer we wait to start repairing the damage, the harder it will be.
It is important, however, not to despair at the scale of the task. We live in a prosperous, free, ordered society - badly fraying at the edges and in dangerous decline, but even so a valuable and unusual achievement well worth preserving. We owe these benefits to the actions, in many cases centuries ago, of courageous reformers, troublemakers, campaigners, evangelists - people who refused to conform to conventional wisdom or accept that because something is so, then it must and should always remain that way.
Few of them lived to see any benefits of what they did, and died imagining they had failed, or even derided as hopeless eccentrics and espousers of lost causes. It is important to realise that we may be in the same position now, and not to be discouraged by that. Edmund Burke's poetic, haunting assertion that society is a compact between the dead, the living and the unborn has never been more true. Hold fast to what is good, now, and others, in a future almost unimaginable to us now, may yet be grateful that you did not give up.

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A Modernidade

segundo Augusto César Dragão.

terça-feira, abril 10, 2007

Unidade Somática















Como já escrevi aqui a “liberdade de expressão” como princípio geral e abstracto é coisa que me comove pouco. Serei sempre contra a ideia de que se possa propagar ideias de extermínio de partes da população como se fosse outra opinião qualquer. Nem me parece que esta posição seja demasiado extremada, uma vez que vejo tanta gente a defender que não exista publicidade e incentivo à prática do Aborto. Defendo-a como defendo que o Estado tem obrigação de calar todos os que faltam à Verdade para prejudicar alguém. São crimes que existem na moldura penal actual e que se devem manter.
É também evidente que a tentativa de silenciar socialmente opiniões sobre a Imigração em Portugal não recai nessa categoria de perigosidade e dano social. Todos os danos causados ao cartaz do PNR são também práticas criminosas, iguais a tantas outras. Pena que não se denuncie a forma como os nossos habituais defensores das liberdades pretendem agora o silenciar de opiniões divergentes, algo que se suponha ser coutada dos perigosos extremistas de direita.
Eu continuo na minha. O perigo de ver o Erro e o ódio escudados por uma “liberdade” que é contra o bem da comunidade parece-me ser maior que qualquer cálculo hegelo-rawlsiano de auto-interesse, de reconhecer para ser reconhecido. Não me tenho em tão alta conta que pense que nunca poderei estar errado e que não exista alguém com capacidade para ver se estou a causar mal a alguém (individual ou colectivo). Perante o deus do espelho não me prostro...
Não tenho dúvidas de que uma sociedade que vive em paz deve impedir os que, pelos seus interesses particulares, querem fomentar guerras que só existem nas suas cabeças e nas suas almas tomadas pela desordem. Não prescindo da orientação platónica da ordem da comunidade como extensão da alma saudável. Lamento...

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segunda-feira, abril 09, 2007

The Right to Bear Arms













Não deixa de ser estranho que o país que defenda como direito constitucional a posse de armas seja o grande defensor de restrições à posse de armas no sistema internacional. Esta aparente contradição não precisa de o ser. Desde que não observemos à luz de uma concepção abstracta do Direito, um direito não precisa de ser reconhecido segundo uma universalização, não existe contradição alguma.
O problema reside apenas na forma como desde a II Guerra Mundial se tem estruturado o sistema internacional, construído em cima de declarações, convenções igualitárias e príncipios vazios, sempre prontos a ser subvertidos pelo historicismo vigente.
Proclama-se o Direito dos Povos ao Desenvolvimento, esquecendo que o mesmo pode causar a destruição de outros povos. O objectivo é óbvio. Criar um sistema internacional que se pretende fundar em princípios, mas que acaba por ser apenas uma forma de agregar o poder dos mais fortes.
A Democracia Internacional é mais exequível que a que existe no interior das comunidades. É mais desavergonhada porque não possui uma existência comum instituída que se constitua como seu limite, nela sendo possível tudo comprar e tudo vender. Nela todas as tentativas de ordenação falham, pela simples razão que é isso que é suposto. Numa suposta comunidade democrática, onde a democracia se submete aos altares da funcionalidade proposta pela Era Maquiavélica, o que é preciso é assegurar o fluxo. Com pouco atrito de preferência...
Os direitos são provisórios, porque sujeitos à necessidade da acção. A “ingerência”, o “direito ao desenvolvimento”, a “legítima defesa” existem apenas com força de convencionalidade. E apesar dos esforços deste simulacro de comunidade em colocar-se ao lado dos sonhos de Grócio e Kant, que postularam para a comunidade internacional um governo de princípios e leis, o que observamos é apenas um sistema de funcionalidade e sistemática, onde a norma é uma maioria de força, fundada numa superstição de que existe nessa vontade algo mais.
Falar de direitos neste enquadramento é impossível. Mas não há nada que a retórica vazia dos “direitos” não consiga...

Quando um Regime se sobrepõe à Nação

Erros Proibidos

















Há uns dias Pedro Arroja disse o que toda a gente sabe. Infelizmente não foi muito preciso e por isso eu gostaria de relembrar aqui alguns pontos sobre a Inquisição.
É evidente para qualquer pessoa razoável que as Inquisições Peninsulares não eram tribunais de perseguição racial, nem tribunais de perseguição religiosa com jurisdição universal de combate à dissenção.

Primeiro, porque ambas são instituídas com o objectivo de clarificar a pertença às comunidades judaicas e cristãs, reconhecidas em Portugal e Espanha como partes integrantes do todo nacional, estabelecendo quem correspondia aos votos professados e obedecia aos preceitos da fé católica e quem se havia convertido com intuito de subverter a Fé. Tal anseio de esclarecimento foi articulado por amplos sectores de “cristãos-novos” que viam a sua reputação manchada pelos actos ímpios de outros conversos menos sinceros.
Segundo, porque o Tribunal do Santo Ofício era uma instituição de cariz claramente político, que os poderes seculares tinham plenos poderes para mandar encerrar, suspender ou reverter as suas sentenças e eram, por lei, incapazes de aplicar justiça a “não-baptizados”. A ideia de que a Inquisição tinha como objectivo proceder coercivamente e como aparelho de medo à conversão de judeus é claramente falsa.
Tanto é assim que a propriedade das comunidades judias se manteve inviolável, acartando o seu roubo (ou mesmo o aumento dos seus tributos) pena de excomunhão. A situação só se alterou após os Decretos Régios de expulsão dos judeus... E aí, mais uma vez, o TSO funcionava como braço do poder político com recurso a peritos eclesiásticos e não como um tribunal eclesiástico.

Por tudo isto é evidente que não era a Igreja quem condenava à morte na Inquisição, a não ser que se tenha descoberto que esta dispunha de capacidades administrativas em Portugal. Mas aí, em vez de excomunhões aos Reis de Portugal teríamos tido sentenças de prisão.

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Dois Tipos de Disparate








Parece que estamos obrigados a uma perspectiva dicotómica. Como era de prever o cartaz do PNR fez mais mal que bem...
No outro dia falava com um amigo sobre a polémica dos cartazes. Disse-lhe que não gostava de observar uma mensagem como "com os portugueses não vamos lá" num cartaz. Não parodia o PNR, mas todos os portugueses, retratando-os como incapazes e tornando o PNR como portador de uma mensagem de confiança nos portugueses que qualquer outro partido deveria sustentar. Foi a primeira vitória do PNR, dada por quem tem interesse em agitar papões, em criar um nacionalismo de tipo europeu, com valores contrários aos sedimentados na Nação Portuguesa e nos espíritos da população.
E quem não gosta do Gato Fedorento é "fascista"!

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quarta-feira, abril 04, 2007

Ainda sobre o Concurso

"O melhor bocado"

Novos e Bons

2 (ponto) Zero

Os Vencidos da Vida

Afinidades Efectivas

Religio Christiana

Claudio Tellez

terça-feira, abril 03, 2007

Coisas do Diabo














É frequente ouvir gente a denegrir a memória de Salazar, afirmando-o mandante de muitos crimes. Ninguém se insurge, tudo corre às maravilhas. No entanto algumas alminhas mais sensíveis mostraram-se muito indignadas quando se expuseram elementos da acção de Aristides Sousa Mendes que eram certamente ilícitos criminais. Um artigo de hoje de O Diabo é perfeitamente claro quanto a essas acusações.
Quando Clara Ferreira Alves afirmou que Sousa Mendes é a grande cara do desafio a Salazar, e que o castigo do Presidente do Conselho foi a condenação a uma existência de miséria, percebe-se o grau de mitificação a que estamos a ser sujeitos.
No artigo de hoje é esclarecida a benesse que Salazar concedeu a Aristides, reconhecendo-lhe a passagem à disponibilidade com direito a vencimento e não a despromoção profissional que havia sido defendida pelo Conselho Disciplinar constituído por seus pares. Nem Sousa Mendes foi expulso da carreira consular, nem sequer os crimes que praticou se deviam a humanitarismo, uma vez que havia, anteriormente ao êxodo dos judeus de França, incorrido na mesma falsificação de documentos.
As razões são absolutamente evidentes e são transmitidas pelo “memorando” da Embaixada Britânica de 20/6/40 que esclarecem a forma como o Cônsul extorquia os tão necessitados fugitivos, convencendo-os a dar dinheiro para um fundo que o próprio administrava.
Grande? Grande quê?!

Um Certo Federalismo














Poder-se-á dizer que tenho uma visão federalista de Portugal. Acredito que o municipalismo é a verdadeira forma de Portugal. O Município com os seus forais antigos, é um caminho para, de forma constitucional, apresentar limitações ao Poder sem recaír no Despotismo de Estado, em que se criam cidades e municípios com vista à obtenção de votos e clientelas. O Estado ao possuír como sua estrutura constitutiva um acervo de obrigações (diferentes em cada caso) com as suas partes, não possui a capacidade de as subverter, excepto em casos de necessidade extrema. O reconhecimento de diversos direitos e a implicação das diversas autoridades que deverão estar representadas nos órgãos da Nação é um limite do próprio Estado. Bastante diferente do Estado omnipotente a que estamos habituados e que não encontra limites, porque considera que o seu desejo basta para reinventar a vida de todos os que dele dependem.
O que é preciso para que uma federação exista, para além da independência material e espiritual, é que as partes não se tomem pelo todo. Só isso permite a existência de um Bem Comum e não um conjunto de Bens Comuns aliados com uma finalidade temporária. Essa diferença entre uma aliança e uma federação é fundamental tanto na definição da soberania, como na definição dos sectores orgânicos aceitáveis.
Só as associações que visem o bem parcial (laboral, local) e se subordinem ao bem comum devem ser alicerces da comunidade política. Todas as associações que se disfarçam com a parcialidade (sindicatos) para esconder objectivos de governação da sociedade, são, como um aristocrata traidor, desprovidos da essência de serviço para que foram instituídos.

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Ainda a Censura





















Com a atenção e amizade que os caracteriza decidiram os amigos MCB e Alex comentar o meu anterior texto sobre a existência de censura. À questão sobre se os riscos da censura são maiores que os seus benefícios a minha resposta é, como sempre, depende da forma como é feita. A censura do franquismo que visava proteger a harmonia entre as populações parece-me boa e não colocar em causa qualquer princípio importante. Nem sequer me parece que tenha sido "self defeating", uma vez que só quando a democracia chegou a Espanha se começaram a sentir os primeiros sinais de anti-semitismo.

Quanto à possibilidade da censura destruir as artes, basta observar a história do Ocidente e a forma como as artes nela floresceram, apesar de ser perfeitamente claro que na expressão artística e da expressão humana nem tudo pode valer.

Felizmente o Cristianismo não possui as tendências totalitárias das corruptelas de Lutero e Calvino e por isso conseguiu solucionar o ataque à arte de Platão e reconciliá-la com o Bem, através da representação como caminho para o transcendente. Ao contrário da arte pós-cristã que celebra o homem e muitas vezes o vazio e o nada que este carrega na sua pior forma, a arte cristã pretende ser uma janela, um mostruário de como as formas se estruturam para obter vislumbres de Deus. Houve tempos em que arte significava representar e construir.

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segunda-feira, abril 02, 2007

A Propósito da Liberdade de Expressão e da Sociedade Aberta








(Na imagem Wilmore Kendall)


“His zeal is of a curious character. It is not for the
propagation of his own opinions, but of any opinions.”

-Edmund Burke, “Reflexões sobre a Revolução em França”

Não há dúvida de que hoje em dia as direitas, em virtude da perseguição que sofrem um pouco por todo o lado, parecem ter ficado cativas da defesa da liberdade de expressão e da sociedade aberta. Seria mais um caso em que o progressismo entra no programa das direitas pela porta das traseiras. Esta moralidade em que alguém, por defender o direito à sua liberdade, implica o reconhecimento da mesma liberdade a todas as outras pessoas é uma moralidade perniciosa e um reflexo do verdadeiro espírito esquerdista e igualitário que a Direita visa combater. A ética do reconhecimento é uma das ideias perfeitas para os espíritos mais simples e que não conseguem sair dos absolutos para a compreensão de que os homens não vivem num mundo estruturado segundo a sua própria racionalidade. Alasdair Macintyre no clássico After Virtue destrói com mestria a moralidade kantiana e a sua racionalidade moral fundada num a todo o tempo e todo o lugar que não é mais que expressão dos desejos situados do sujeito.
A ideia de que um direito deve representar um direito igual para todos é absolutamente inaceitável uma vez incapacita o que é dito da sua marca característica essencial, a verdade ou o bem que a asserção traz consigo.
É preciso que a Direita se mostre contra o erro, para que consiga fazer a diferença. É por isso que, ao contrário do que parece forçada a declarar, a Direita não pode ser defensora da “sociedade aberta”, nem pode pactuar nunca com as liberdades de defender o Mal, como os partidos que são a favor da pedofilia e da educação de crianças com o objectivo de os animalizar e de os tornar escravos de seus impulsos mais vulgares. Da mesma forma que a sociedade actual limita a liberdade de expressão que ataca a verdade (os casos de difamação, por exemplo, em que o tribunal tem de averiguar a verdade para assegurar que a verdade é dita por determinada pessoa) qualquer sociedade tem de defender a verdade que busca e que a constitui.
A diferença entre a censura legítima e ilegítima de posições reside nesse ponto. Numa comunidade onde a política desceu de grau e se tornou incompatível com o Bem Comum a verdade, como a justiça e o bem, adquirem um sentido privado. Onde os governantes governam para si e não para o Bem Comum estamos perante um mau regime, aplicando-se o mesmo a todos os instrumentos coercivos de que o Estado dispõe. É evidente que em todos os Estados que recorrem à censura de opiniões correm o risco, denunciado por Mill, de estagnarem e de impedirem qualquer melhoria na ordem interna. É por esse facto que a censura deve ser inteligente, não sectária e com os olhos postos no bem da comunidade. Dizer que este tipo de censura não existe é simplesmente falso, como se pode comprovar pela página 7 deste artigo de Erik von Kuehnelt-Leddihn, que demonstra como se proibiam filmes anti-semitas enquanto se permitiam filmes de vincado carácter marxista. A censura só deve actuar quando existe perigo para a comunidade ou quando existe dano e não deve actuar sobre toda a posição divergente, mas perante as que têm possibilidades reais de causar dano. É excusado dizer que esse governo que não autoriza qualquer dissenção, mesmo a que não tem relevância pública, é o Estado Totalitário.
É mais importante que nunca que regressar aos fundamentos e acabar com obsessões estéticas que apenas escondem rendições aos erros que deveriam ser combatidos.

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