quarta-feira, fevereiro 28, 2007

A Pátria no Condicional














(Na imagem: Junot protegendo Lisboa)

No Telejornal da hora do almoço houve um senhor que, indignado pelo fecho de um Centro de Saúde, disse "não me obriguem a comprar uma bandeira da Galiza". Esta condicionalidade é o ex-libris do nosso tempo. Um mundo de chantagens. Responsabilidades familiares, sociais e políticas só são aceites enquanto são lucrativas. O pai toma conta do filho quando tem subsídio, o filho toma conta do pai enquanto este lhe dá a reforma. O cidadão submete-se a uma ordem porque esta lhe dá de comer, prostrando-se perante o Poder e o Estado.
A Modernidade chegada em Abril a este, anteriormente, primitivo país, é esta chantagem em que a política serve para encher as barrigas dos egoístas.
Prostituír-se-ão pela Europa, como se prostituíram pela Espanha, descendentes que são (como há dias me lembrava um amigo ) dessa Maçonaria que foi receber Junot a Sacavém, pedindo-o depois para Rei.
É o que eles são...

Etiquetas:

Os "Vitais" Moreira, pelo António Bastos

terça-feira, fevereiro 27, 2007

A Europa e o Nacionalismo

Segui os “posts” do Fsantos , li esta apreciação do BOS e decidi meter a “foice” por crer serem ambas as posições bastante ilustrativas do estado da direita portuguesa.
Parto das apreciações do BOS por me parecerem muito certeiras nos pontos de divergência entre as várias posições políticas que correspondem à direita extra-constitucional.

O que rejeito na atitude de partidos como a FN, o VB ou o PNR é a impossibilidade da tarefa a que se propuseram. Conciliar opostos não é tarefa da política, é tarefa impossível... Ou os contrários deixam de ser contrários, ou sai uma mensagem incoerente e ilógica. E sem uma mensagem que resolva o problema político os partidos nunca serão mais que projectos grupais de poder. Esta tara maquiavélica de que o Poder precede as razões para o seu exercício é um dos traços da direita indígena e dos seus modelos intelectuais estrangeiros.

Quanto ao Europeísmo do nacionalismo contemporâneo reafirmo não saber do que se trata. Ser europeu é defender a União Europeia? É defender o modelo social? É defender os Direitos Humanos, o multilateralismo internacional, a raça brança, o capitalismo, o socialismo, a democracia, a unidade na diversidade, a herança cristã, a herança protestante, a herança secular, a herança jacobina?
Sinceramente não tenho interesse nenhum em discutir a Europa, porque a Europa é um chavão preenchido com o que os poderes-que-estão precisam para se eternizar ou para adquirir Poder. E se formos sérios a única Europa viável é a desumanizadora do homem.
A Europa dos direitos adquiridos, dos produtos com selos de segurança, dos “consumidores”, dos “contribuintes”, das “convergências”, da PAC, o espírito anti-discriminatório obrigatório.

Este Europeísmo não é senão uma reencarnação do Sebastianismo. Foram curiosamente os que mais o vilipendiaram que recaíram nas suas patranhas... O sebastianismo postulou um salto-de-fé quinto-imperialista, onde o devir merece adesão por ser invariavelmente a nossa realização...
Nessa treta caíram bem os futurismos e os futuristas que vêem o futuro como justificativo da acção. Todo esse historicismo relativista é incapaz de distinguir o bem do mal, porque justifica a acção não com o que está, mas com o que vai estar. Não há nada para além dessa obsessão com o que irá acontecer.
A obsessão com a pequenez de mentalidades do rectângulo gerou apenas uma perspectiva crítica palavrosa (tipo 1968), mas demonstrou a incapacidade de transcender os estafados pressupostos da modernidade... Substituem-se os passarinhos e os floreados estéreis pela obsessão do amanhã que nos brindou com as maravilhas do século XX.
Não preciso de dizer que esse relativismo é a grande causa/consequência do declínio moral que vivemos (e não qualquer conjunção cósmica descortinada pelos esoterismos de que a direita se tem rodeado) e que qualquer adesão ou aliança a esse ideário é um passo no sentido errado.

Agremiações políticas que nada propõem e pretendem agregar tudo (mesmo opostos), conceitos a que se adere por ser a “onda do futuro”, sacrificar o que nos enquadra e nos permite distinguir a acção válida e inválida ao culto de uma ideia vazia que podemos preencher segundo os nossos desejos, que estão para lá do bem e do mal. Tudo isso é parte da doença e não da cura...

Etiquetas:

sábado, fevereiro 24, 2007

Terrorismos de Ontem e Lições de Hoje


Santa Liberdade é um “documentário” sobre o assalto ao Santa Maria. Vale bem a pena ver... É uma versão fantástica da história! Quando aparecem imagens de pessoas do Estado Novo ou do Franquismo ouvem-se sons estridentes, como num filme de terror.
Fala-se de sequestro de um navio de uma maneira curiosa, uma vez que o crime é legitimado pela “adesão da maioria dos ocupantes do navio” e pela necessidade de dar notícia da repressão dos governos peninsulares.
Depois é ver Iva Delgado, com um corte de cabelo emulando o progenitor, a colocar-se ao lado desta acção antifascista...

Notável a forma como se aborda a vítima mortal da acção, o Terceiro Imediato João do Nascimento, e os feridos, em vinte segundos, sem perguntas sobre o homicida e sobre as razões do assassinato. A forma como se louva uma acção contra gente desarmada. O modo como se legitima com a adesão da maioria dos sequestrados a destruição das liberdades e vidas dos outros não é apenas demonstrativa da liberdade que eles queriam... É demonstrativa da sociedade que eles querem.

Era esta a Santa Liberdade de que falavam!
Se Salazar não era um kantiano (graças a Deus), fico à espera que me expliquem o apoio a esta moralidade democrática.

Etiquetas:

sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Na Primeira Pessoa

O FSantos conta-nos a sua jornada ideológica. Um testemunho vivo de uma pessoa que talvez seja demasiado sincera para os dias em que vivemos. Em dias em que o patriotismo é chavão pouco sentido, mesmo pelos que se dizem nacionalistas, o FSantos mantém a sua alma portuguesa. É exemplo de como se pode ser um homem culto sem ostentação, de como ser livre do espírito gregário que, tanto enferma as direitas, e simultaneamente criar amigos e admiradores em todos os que o conhecem e lêem.
E quem não conheceu o Santos da Casa, não sabe o que perdeu...

Para Coleccionadores e Futuros Leitores


























A primeira edição das "Reflexões Sobre a Revolução em França" pode ser lida e descarregada aqui.

Vão à Revista

Digam lá o que acham...

quinta-feira, fevereiro 22, 2007

No Blasfémias

O perigoso reaccionário Pedro Arroja explica porque é que, em termos económicos, estamos onde onde o Estado Novo nos deixou. Uma lição para aqueles liberais-progressistas que preferiam viver na Democracia de Cunhal...
Em termos civilizacionais o retrocesso é ainda mais evidente.

Etiquetas:

Uneasy Cousins?










Os amigos d'O Insurgente deram seguimento à minha provocação aos liberais portugueses.
Não vejo na tradição da direita portuguesa um "locus" que permita estabelecer um patamar que agregue libertários e conservadores. Um fusionismo à portuguesa parece-me uma impossibilidade lógica, uma vez que se partirá do liberalismo ou da tradição para chegar a pontos distintos. A não ser que se coloque a defesa da Liberdade como parte integrante de uma defesa da ordem e não como um facto e racionalidades isoladas...
Voltarei a este assunto em breve e com a atenção vital que ele merece.

O Po(l)vo Não Tem Deveres













Há tempos vi na televisão pública, mais propriamente no Canal Memória, uma reportagem sobre Jorge Jardim, onde Álvaro Récio, seu homem de confiança, falava sobre a tentativa de negociação da Independência de Moçambique com os EUA. Salazar mandatou Jardim para negociar a aceitação das imposições americanas, desde que salvaguardada a plurirracialidade do território. A resposta foi um não rotundo... Uma independência teria que implicar o desaparecimento das populações metropolitanas do país. Estratégia óbvia e inaceitável.

O jornalista que conduzia a entrevista e as peças de investigação, contudo, não conseguiu colocar as perguntas mais importantes. Estava mais preocupado em apodar Salazar e Jardim de "fascistas", do que em questionar o súbito racismo da Administração americana e a razão porque o Presidente do Conselho aparece neste depoimento como um homem menos intransigente do que é a historiografia oficial.

As inocentes omissões do jornalista e colaborador do Jornal PREC não se devem, por certo, a um qualquer lapso de memória ou ingenuidade, não fosse António Louçã dessa cepa que tanto tem contribuído para a pós-modernização do país.
Mas servirão os nossos impostos para suportar jornalistas omissos, programas de facção, afirmações ideológicas e insultos aos entrevistados? O Daniel Oliveira lá sabe...

Etiquetas:

Na Alameda Digital nº5








Destaco os artigos de Pedro Guedes da Silva sobre o Serviço Militar Obrigatório e os seus valores, um artigo de Luís Atapalha que explica como Soberania é a capacidade de dizer Não e o papel das Forças Armadas na própria alimentação do espírito que permita a existência de uma comunidade autónoma. As propostas de Miguel Castelo Branco para a recuperação da dignidade das FAP são também dignas de reflexão, pela sensatez e pela forma como escapam aos lugares comuns do nosso tempo.
Para além disso são imprescindíveis as habituais colunas de Marcos Pinho de Escobar, sobre a reconstrução da memória na América Latina e a imprescindível coluna de Rafael Castela Santos.
Ainda este texto sobre as interpretações da Liberdade é capaz de ter interesse para os leitores deste espaço.

O Futuro da Igreja




















Vital Moreira explica como só quando a Igreja estiver subordinada ao Estado haverá liberdade de consciência.


O Professor César das Neves fala sobre o nosso madeiro.

Contra a Misantropia

No momento em que mais dele precisamos impera um estranho silêncio.
O Paulo era uma boa companhia, uma voz de bom-senso e a necessária voz das letras e do pensamento cristão. Faz mais falta hoje que nunca! Impõe-se menor misantropia e mais caridade para connosco, leitores e seguidores fiéis...
Vamos lá!

Obrigado pelas 100 000!

sexta-feira, fevereiro 16, 2007

O Agradecimento de um Relapso

Nem sei o que dizer do elogio que o MCB me faz neste post. Um misto de alegria com medo. A aprovação de um mestre conduz sempre a maiores responsabilidades. Não sei se estarei à altura da tarefa que o Miguel me imputa... Infelizmente não consigo deixar de pensar o mundo desta forma, o que todos os dias me traz dissabores e mágoas.
Não tenho hipótese que não seja continuar.
Não tenho forma de agradecer que não seja continuar e enviar um abraço.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

O Real no Salazarismo















(iluminura da versão francesa da Política de Aristóteles de Nicolas Oresme)

Muito se tem falado sobre o Salazarismo sempre tentando mostá-lo como uma ideologia, na tentativa de o colar ao século de ilusões que foi o anterior. Tal tentativa não é apenas uma tentativa de encapsular o pensamento de Salazar no tempo, mas uma tentativa de o tornar compreensível ao aparato conceptual dos nossos dias. Basta abrir um daqueles livros de política actual que se vendem na FNAC para ficarmos a pensar que um pensamento político é compreendido pelas suas características superficiais. O Fascismo é um regime repressivo e anti-democrático que se funda no nacionalismo, o comunismo é um sistema de economia centralizada que defende a igualdade de todos os indivíduos, o salazarismo é um sistema anti-democrático, anti-liberal, anti-comunista, com uma polícia política e instituições para-militarizadas.

Estas são as ferramentas de compreender o “político” que nos foram legadas por séculos do positivismo mais simplista e de reduções dos fenómenos à sua expressão superficial.
Reafirmo o “post” anterior. As máscaras são apenas interessantes no sentido em que se compreendem os fins para que são utilizadas. O anti-democratismo, anti-liberalismo e anti-comunismo de Salazar são apenas algumas dessas máscaras, traços importantes, mas apenas se compreendidos no esquema do real e da preservação do essencial.
A diferença do pensamento de Salazar para a ideologia é a forma, bastante anti-moderna, como não apresenta uma solução para o problema político. Não o reduz, não o menospreza a um esquema que oblitera tudo o que não é entendido ou que fica fora das suas profissões de fé.

Ficaram célebres as expressões de Salazar em que este manifestava desejo em ser Primeiro-Ministro de um Rei Absoluto e em que lamentava não poder governar como se estivesse na Inglaterra de seu tempo. Aparente contradição, nada mais que Salazar em estado-puro. O seu desejo era ter circunstâncias que lhe permitissem de melhor forma adequar o país a um ideal comunitário, universalista e Cristão.
Houvesse povo para essa tarefa e Salazar seria democrata. Salazar sabia que a democracia só seria possível dentro dos limites do interesse nacional, entre portugueses que não podiam ser senão patriotas. Não havendo patriotismo, essa adesão ao projecto nacional que não se compadece com o desejo de venda de parcelas da Nação (como pretendia o PCP desde a sua fundação, o PS e o MUD de Humberto Delgado), não poderia haver democracia.

A velha máxima aristotélica de que o melhor regime é o que é adequado às finalidades das comunidades políticas, tendo em conta a matéria (humana e não-humana), era no pensamento de Salazar absolutamente essencial. Avesso a respostas simples e ideológicas, a ideais tomados aprioristicamente (monarquismo, republicanismo, democratismo) e colocados acima de todas as consequências.

Do legado de Salazar ficará este traço profundamente tributário da doutrina política cristã, verdadeira essência da nossa civilização. Acima dos regimes está a vida das comunidades e a sua virtude. O resto são ideologias...

Etiquetas:

Fim de noite com Salazar





















Ontem vimos Salazar com todas as máscaras que decidiu usar. Porque a identidade não são as nossas faces, mas os fins para que são usadas...
Uma hora a ouvir sobre o Estadista... sem antifascistas, acidez das “vítimas” ou jargão abrilino.
Soube bem.
Até a sinceridade marcou pontos. Noutros documentários vimos santos de diversas causas. Aqui vimos um homem com seus defeitos e virtudes, uma vida dedicada a ideais e ao serviço da comunidade, num tratamento que não deixou de reflectir sobre os problemas do colonialismo em São Tomé, a repressão política, (muito menor que em qualquer país assolado pelo totalitarismo e mesmo que algumas democracias alinhadas) e sobre os lamentos de Salazar quanto aos futuros que não conseguiriam seguir o seu exemplo.

Neste país democrático, “standardizado” e pacificado substituiu-se a ditadura por uma democracia de “tiranos do estômago”. São os que criticam Salazar por não ter vendido o Império ao consórcio soviético-americano para lhes dar um Mercedes. São os que agora vendem a Vida de outros, submetendo-a às boas práticas Europeias, para que possam alcançar o paraíso da sociedade indolor e abundante. São os mesmos que falam dos Ventos da História e da mudança dos valores, para justificarem o vazio de horizontes que lhes vai na alma.

À medida que vão caindo as máscaras vemos quem dorme com quem. Em Democracia só se pode falar de gente com registo democrático limpo, segundo diz este cavalheiro. Mas não fará a defesa de tal restrição democrática parte de uma posição anti-democrática? E segundo o mesmo princípio não deve essa opinião ser cerceada?
Este “democratismo” não é obviamente um ideal, mas um certificado do qual o Daniel e seus comparsas “anti-fascistas” monopolizam o carimbo. Já o deram a Cunhal, ao Companheiro Vasco e até ao Rolão Preto... Aguardo um Aristides que me providencie um, que deles nada espero. Se não o deram ao João Pereira Coutinho por ser da extrema-direita...

Quando vejo a confusão que vai em almas católicas e a forma como estes esqueceram a Doutrina percebo a extensão do dano. O jusnaturalismo cristão não apresenta uma preferência decisiva por um tipo de regime, mas por todas as construções políticas que permitem uma sociedade cristã. Como é fácil de observar uma sociedade cristã é uma impossibilidade, numa entidade política que promove a morte de inocentes como prática voluntária. Esta I Democracia excedeu, para a Igreja e para os Cristãos, os limites da “tirania dos muitos”. Não sou eu que o digo... é a doutrina multissecular da Igreja.
Quando vemos “católicos de missa” disparar sobre Salazar e a sua repressão, não podemos senão pensar nas suas prioridades e na forma cínica como ajoelham perante o tribunal plebiscitário na hora do “massacre dos inocentes”.

Para um Cristão qual é o regime mais justo?

Etiquetas:

terça-feira, fevereiro 13, 2007

O Futuro do Liberalismo




















Se no rescaldo do Referendo há algo a dizer sobre as ideologias urge referir a forma como o liberalismo político se mostrou cativo do vazio. Há muito que o jusnaturalismo liberal, tributário do republicanismo (o regime que pressupõe um limite constitucional), se mostrava corrompido pela ideia democrática de que o regime é aquilo que a vontade popular determina.
Quando o liberalismo se torna existencial, se torna referencial máximo da orientação política dos homens, há sempre uma impossibilidade de responder às perguntas mais importantes da existência humana e, consequentemente, de esgrimir argumentos sobre a realidade que escapa ao seu aparato ideológico.
Por essa razão os sinceros esforços do André Azevedo Alves e de outros homens de fé católica que aderiram ao liberalismo, estão condenados ao insucesso. Da mesma forma que o liberalismo não é capaz de distinguir qualquer concepção de Bem, não é também capaz de discernir uma estrutura racional que lhe permita aferir a realidade, mas apenas demarcar as esferas em que as realidades individuais não possam conflituar. É por isso que Locke amava o protestantismo e a sua ênfase privatista, semeadora de um Deus individual. Os católicos estavam banidos da Tolerância política do Estado de Locke, por possuirem uma filosofia política baseada na Justiça (ideia que enforma a sociedade) e não na gestão do que pertence a cada um...
Para que se fale sobre a Vida, para obter conceitos que permitam compreender o que esta é, o liberalismo não chega. Porque para além dessas esferas de liberdade que são postuladas pelo liberalismo tem de haver definições, é evidente que o conceito de liberdade negativa berliniano é insuficiente, quanto mais não seja porque a definição de Homem, exógena à própria tendência anti-essencialista do liberalismo, representa em si a própria essência da Ordem. Uma norma que é externa e não mera convencionalidade dos homens.
Os liberais não-existenciais, os que aceitam a imperatividade do Bem como ordem primeira que só depois é plasmada numa cultura de Direitos Individuais, aceitam a imperatividade do Bem, embora muitas vezes a disfarcem sob a capa da cientificidade e dos direitos liberais.
Creio que depois da catástrofe que se abateu sobre Portugal é altura de pensar se toda essa dialética liberal pode proteger a essência da nossa Civilização.
Não será altura de regressar ao liberalismo não-ideológico que se encontrava confinado por uma ideia de Bem que é alicerce da nossa sociedade?

Etiquetas:

Orientação

"O problema da Direita e do Aborto" , visto por Frederik Wilhelmson.

Etiquetas:

E não digam que o LTN não voltou em grande...

Já Conhecem as Gazetas da Restauração?

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Sorrindo Para a Vala Comum

"Derrota da Racionalidade Ética, Triunfo da Racionalidade Técnica", por Miguel Castelo-Branco

Etiquetas:

A Minha Acusação

A Igreja Portuguesa não falou claro. Com os habituais medos de ser acusada de ingerência em questões políticas a Igreja não foi a defensora da Civilização. Padres houve que disseram que quem não acatasse as decisões da maioria mereceria ser excluído da sociedade. Conheço muito menino da Obra (e que vive à sua sombra) que achou a despenalização acto mui cristão, no desejo bem modernista de olhar os agressores como vítimas, numa socialização da culpa que só pode ser aplacada pela reformulação da sociedade segundo o paradigma socialista (caridade obrigatória, estado laico, direitos materiais assegurados para a criação de um paraíso social).
Toda a parafernália dos Direitos Humanos, toda a genuflexão perante o secularismo dos valores por estes defendidos, geram coisas destas. Os poucos que se atreveram a falar da incompatibilidade deste humanismo sentimentalista e socialista face ao Cristão foram linchados na praça pública. Há heróis na Igreja, mesmo quando a cobardia e o Mal impera. Que o Papa Bento faça a clarificação necessária, que mais vale uma Igreja Cristã pequena, que a nossa, portuguesamente prostrada aos poderes que estão.
Acredito no valor profilático da Excomunhão...

Não vou falar dos Não que valeram milhares de Sim. Seria demasiado extenso... Houve os Ainda Não, À Minha Raça Não, os Nim, os Não Me Apetece Embora Não Exista Nenhuma Razão Para Isso, os Não Há Dinheiro Para Isso... Tudo Sim, mas bem disfarçado.

O pior veio depois...
Prostrado perante a turba esteve Marques Mendes, que esta gente de alma pequena está sempre pronta a discutir. Na campanha MM disse que achava que a vida começava no seu início. Ontem à noite, democraticamente, a vida passou a ser às 10 semanas.
Das duas uma. Ou aconteceu isso, ou MM acha que a vida de outros seres humanos não é importante. Pela forma como aceitou que o Estado português licenciasse o homicídio dir-se-ia que deixou de acreditar no que há duas semanas escreveu. Há gente para quem a Verdade prescreve.
Se isso não chega para todos os católicos do PSD entregarem os cartões...
Que fique nas suas consciências.

Etiquetas: ,

domingo, fevereiro 11, 2007

Os Próximos Passos da Pós-Modernização do Regime

O Estado Ideológico caminha a passos largos. Não vai faltar muito para que um médico que se recuse a cometer um homicídio seja expulso da função pública, por violação da vontade do paciente. Em Portugal a Liberdade é uma farsa. Fala-se de liberdades civis, mas quer-se regulamentar tudo ao abrigo da Democracia e da não-discriminação. Regula-se a estrutura dos partidos políticos, impedindo que estas não sejam democráticas e ainda se obriga a que tenham mulheres em seus quadros. Diz-se que a sociedade civil deve ser livre, mas impõe-se no seu seio a impossibilidade de escolher os seus membros. Fala-se de solidariedade social, mas regula-se a ementa do que pode ou não ser dado no acto de caridade. Agora ouvem-se vozes que dizem que a Igreja não pode expulsar do seu seio os que lutam contra os seus princípios.
Esta é a liberdade que nos vai conduzir nos próximos tempos. Uma liberdade tolerante apenas ao que o Estado não contradiz.

Este é o drama da política. A sociedade aberta é um mito e um médico passa agora a ser um servo dos desejos do paciente, ao contrário de ser um defensor da Saúde (uma das expressões do Bem no Ser Humano). Porque se o Estado defende que deve prevalecer a vontade das mulheres acima de tudo, é óbvio que um funcionário público que se recuse a obedecer-lhe perde o seu Estatuto de servidor público. Isto é claro como água...

Amanhã estará tudo de volta aos partidos, ignorando que a próxima barreira já está ultrapassada. Não se votou apenas a possibilidade do Estado deixar a definição de Vida a cada um dos cidadãos, mas a própria acção do Estado. O Estado Total precede sempre o totalitarismo. E não deixa de ser o que é por ser maioritário ou por estar disfarçado de defesa do sofrimento da mulher.
Muitos não vislumbram isto. Muitos não querem ver... Voltam aos partidos na esperança de que esta tenha sido a última barreira para a paz. Não foi, mas a seguir não haverá referendos. Foi decidido hoje que, num país em que o Estado é quase tudo, o dever do Estado é servir os desejos dos privados. Sem lugar para limites morais...
O Estado hoje não se modernizou, que nesse horizonte havia lugar para tentativas morais (todas falhadas). O Estado hoje “pós-modernizou-se”.

Foi isto que foi a votos hoje.

Etiquetas: ,

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

E em Força!!!

O Mal por Bem














"Quem consente dar a escolher ao povo se o homicídio é ou não um mal em si, vai consentir em tudo o mais. Estando à beira da desintegração da soberania nacional por via duma provável integração no Mercado Comum, nós podemos deduzir que quem discute referendariamente o aborto pode vir a discutir pelo mesmo processo a integridade territorial da Pátria, pode desfazer-nos moral e materialmente, pode destruir-nos à pala do valor absoluto duma liberdade formal que, permitindo a alguns a ascensão ao poder através dos mecanismos pavlovianamente condicionantes de espírito duma Nação que, destruída embora, ainda espera viver a vida saudável que os séculos lhe criaram à sombra da cruz de Cristo. (...)"
***
Manuel Maria Múrias, in "A Rua", n.º 229 (30.10.1980), pág. 24."

Etiquetas:

A Coerência do Escravo






Aquela senhora do cabelo roxo falou hoje do Álvaro...
Falou-se de tortura, de penas de prisão que se prolongavam para além do tempo (nunca das amnistias que libertaram tantos membros do PCP que abjuraram o comunismo para depois recaírem), de Cavaleiro Ferreira...
Pena que não tenha falado da forma como o seu camarada sempre apoiou os crimes soviéticos, perante a turba democrática que apoiava a sua constância assassina. Que pena que não se tenha relembrado Júlio Fogaça, expulso do PCP por homossexualidade...
E que bom seria relembrar as escravas ideológicas que aliviavam os camaradas das pressões da masculinidade, numa prática que era apenas sintoma da amoralidade do movimento. Nem uma palavra...
Que pena que não se tenha relembrado, também, que a coerência de Cunhal não passava de servilidade a Moscovo, como no episódio em que celebrou a Primavera de Praga por trinta minutos... até receber instruções da "voz do dono"!
Cada um tem os heróis que merece.

Etiquetas:

A Moralidade de Santo Anacleto

Foi com enorme surpresa que vi as declarações de Francisco Louçã sobre as investigações na CM de Salvaterra. Ele que é sempre o primeiro a punir os corruptos, ainda antes da existência de julgamentos (ou sequer de acusações), desta vez veio apelar à serenidade. Louçã que não se inibe de condenar a corrupção de Alberto João Jardim, nunca provada nas autoridades competentes, e de exigir a demissão ou suspensão de todos os autarcas que se encontram sob suspeita, veio relembrar a importância da presunção de inocência.
Vai daqui toda a minha solidariedade para Louçã, que não fazia ideia de que coisas estranhas se passavam em Salvaterra...
Um partido diferente dos outros, certamente.

Etiquetas:

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

Putnam e o Totalitarismo Interior

Silêncios, por Miguel Morgado

Missing in Action

Ao Sabor da Aragem
Batalha Final
Cegos, Mudos e Surdos
Caminhos Errantes
Capitão do Ar
Direita Conservadora
Integralmente Lusitano
Menestrel Místico
Metablog
Portugraal
Reconquista
Santos da Casa

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Aqueles Que Ninguém Quis Amar

Sophia de Mello Breyner sobre o Aborto, no Nova Frente

Etiquetas:

Punir a Mulher




















Muito se tem falado sobre a punição das mulheres. O problema é o do costume. Deve ou não a Mulher ser penalizada?
O problema, claro está, é a Mulher. A Mulher é mais uma dessas criações fictícias que se têm criado e que é gazua para todas as imoralidades e todos os sentimentalismos por parte dos recém-convertidos à retórica da moralidade, que sempre rejeitaram.

Com o simples acrescentar de uma maiúscula as mulheres deixam de ter todas as virtudes e vícios que as caracterizam enquanto indivíduos dotados de uma história e de uma narrativa própria, dotados de um passado e das condicionalidades do seu tempo.
Tudo isso é abandonado, porque a Mulher é vítima. É vítima de uma sociedade machista, é vítima das lavagens ao cérebro da religião, é vítima de discriminação no trabalho. É vítima de tudo o que se poderá inventar...
A Mulher é sofredora pela sua própria condição.
Varridas para debaixo do tapete da História são todas as outras histórias. De mulheres felizes, de mulheres que têm sucesso, de mulheres que usaram o seu poder para fazer o Mal e o Bem, de santas e pecadoras, não reza a História da Mulher.

Ouço que dizer que todos concordam que a Mulher não deve ser punida!
Infelizmente nunca encontro a Mulher. Tenho dificuldade em falar com estereótipos... E deles nunca obtive resposta!
Falo com mulheres. Umas sofrem, outras não. Umas são vítimas das agruras do mundo, outras são suas beneficiárias.

Punir ou não a Mulher é um acto de injustiça grave, porque coloca como elemento para a definição de uma acção uma condição fictícia. A Mulher não é criminosa, nem benemérita, nem abortista, nem mãe devota... As mulheres é que podem ter qualquer uma dessas qualidades, ou nenhuma. São o que são. Caso a caso.

Não sou defensor de códigos taliónicos.
Como já disse acredito no perdão, mas no perdão de Cristo... “Vai e não tornes a pecar”.
É verdade que todos temos culpa. Não porque tenhamos obrigação política de dotar as mulheres de condições materiais para a maternidade (esse Paraíso não existe neste mundo), mas porque não lhes mostramos os valores do Bem. Porque a comunidade política há muito se demitiu da fundamental obrigação de demonstrar que há viver bem e viver mal, entre fazer florescer uma boa e uma má vida em comum.
Temos culpa porque vivemos na apatia da neutralidade e vivemos bem com isso.
Criamos selvajaria, que disfarçamos de apatia...

Há mulheres e mulheres. A punição vem no sentido de defender a comunidade e não de estabelecer qualquer punição cósmica (a distinção entre crime e pecado, no domínio político é uma marca original da filosofia ocidental).
Da mesma forma que não considero que punir um selvagem por abortar seja solução, também me apiedo dos selvagens que criamos e que vivem entre nós, na sociedade de Marx e Nietzsche.
Para punir alguém há que compreender a gravidade do vício e do mal. O que mata por descuido, ou por não saber que ali está uma vida, não merce a mesma censura que um sujeito que resolveu destruir outro homem para que o mundo fique mais de acordo aos seus desejos.

Punir uma mulher por abortar numa situação de desespero não é o mesmo que punir uma mulher por abortar por despeito do marido, por vingança, por não querer ter responsabilidades...
Destruir esta linha para servir um estereótipo é caminhar para fim da sociedade e da necessidade que todos temos de Justiça.

Etiquetas: ,

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

A Moralidade da Lata





















Impressionante a forma como o SIM tem atacado nos últimos dias. O disfarce é perfeito. A direita é moralona e a esquerda é livre...
Louçã diz que o NÃO não tem vergonha ao condenar as mulheres. Eu digo que não tem sido sem-vergonha o suficiente na defesa dos direitos das crianças que não nasceram.
Há “nãos” que são inválidos, porque são o SIM encapotado. Porque não há dinheiro no SNS, porque a pergunta é mal feita, porque faz mal à saúde... Tudo SIM, mas ainda NÃO.

Não estou a dizer que a campanha do NÃO tem sido mal feita. Tem sido muito bem feita, com calma e ponderação, como mandam os dias em que vivemos. O que não existe é, como base de sustentação, uma forte posição que mostre a verdade. Mas até nisso a campanha tem sido bem conduzida, que estas semanas não são a altura para os milhares de indecisos começarem a cursar bioética ou aceitarem as verdades do Cristinanismo que toda a vida desprezaram ou dobraram às suas vontades.

Francisco Louçã acha que o NÃO é imoral. Ele que não acredita na moral. Ele que sempre disse que rejeitava juízos de valor. Francisco Louçã fala de vergonha, mas de tanta retórica nunca ouvi falar sobre a sua proposta moral de definição da Vida Humana. Esta, infelizmente, não existe, porque se encontra apenas na cabeça de cada um.
Moral de homens de coração de lata.

(não publicado no Pela Vida por incompatibilidade de versões do Blogger)

Etiquetas: ,

domingo, fevereiro 04, 2007

No Salon Beige

Os ecos da Caminhada pela Vida e o problema dos números.

Etiquetas:

quinta-feira, fevereiro 01, 2007

99 Anos

















Os Monárquicos devem hoje, mais que nunca, ir ao Combustões para uma crónica do crime...

Etiquetas:

Pequeno Ensaio Sobre Filosofia Profunda

Hoje é dia de filosofia a sério aqui no Pasquim. Vamos deixar de lado a superficialidade das obras de Voegelin, Strauss e MacIntyre, para embarcar na análise de um profundo pensador português, homem de raciocínio profundo e léxico variado, um dos poucos pensadores portugueses com dimensão internacional...
Já todos adivinharam que estou a falar do único e grande Boaventura De Sousa Santos.
Talvez alguns homens mais simples e embrutecidos não compreendam a importância do “De” neste equilíbrio onomástico... Homens de pouca fé! Mal-aventurados, por certo...
O milagre que é o pensamento pós-moderno está todo concentrado na aventura de Sousa Santos e na da sua preposição.
Aristocratas do proletariado.

Quando lemos Reinventar a Democracia damos conta da nossa ignorância em matérias políticas. Coisas que pareciam adquiridas desvanecem-se perante a luminosidade da bem-aventurança de Boaventura, sejam palavras ou conceitos, até a própria concepção que temos de nós próprios.

Primeiro que tudo a doutrina pós-hegeliana é revisitada pelo autor, na eterna dialética da inclusão e exclusão. Os excluídos da sociedade são vítimas de algo terrivelmente sombrio... Não são excluídos por se encontrarem fora dos sistemas produtivos, por se encontrarem, por seus actos ou fortuna, desprovidos de meios para nele se inserirem. São apenas vítimas de um espírito, de um mal-querer... Já vos digo como se chama esse demónio.

Em segundo lugar há que pensar no Mundo e na forma como as democracias se relacionam externamente. Alguns pensam que as democracias devem aceitar outras formas de vida em sociedade... Errado! As democracias (a la Sousa Santos) não podem permitir a existência de “double standards”. Os Estados que incorrem na humildade de considerar que podem existir outras formas de organização incorrem num pecado... O nome para essa hipocrisia é agora outro (mais actualizado), segundo o autor.

Depois há as relações entre pessoas com poderes desiguais, algo que considerávamos uma inevitabilidade da natureza... Santos denuncia essa mentira com outro nome, descomprometido, com certeza. E quando essas relações têm influência em relações transfronteiriças? Isso então...

E o que dizer de uma sociedade que promove modelos de consumo que subordinam o Homem a papel produtor/consumidor? Julgávamos tratar-se duma sociedade alienante... Mas não!

E o que se chamará a uma pessoa que enriquece contractualmente?


Onde alguns vêm a exclusão e outros (perigosos, por certo) defendem que cada um tem o direito de excluir pessoas com comportamentos que lhe são repugnantes, de Sousa vê o demónio do “Fascismo de Apartheid”.
Onde alguns vêem a existência de uma mente capaz de compreender outros tipos de vida e de organização, de Sousa Santos vê “Fascismo de Estado Paralelo”.
Onde há relações de desigualdade entre contratantes há “Fascismo Contratual” e onde elas ganham dimensão internacional deparamo-nos com um “Fascismo Territorial”.
Aos alienadores e criadores de modelos consumistas devemos chamar em terminologia boaventuriana “Fascismo Populista” (e eu a julgar que era o LePen)!
À especulação cambial e financeira devemos chamar “Agiotagem”! Mentira. Estava a brincar... Devemos chamar “Fascismo Financeiro”.

Podemos mover as críticas que desejarmos à obra de Sousa Santos...
Não poderemos dizer, de forma alguma, que se trata de um autor pouco imagintativo ou obcecado com um conceito. Isso não é lícito, sob pena de incorrer na acusação abundantemente supracitada...
Por outro lado é profundamente democrática, pela forma lauta como distribui os epítetos. Aqui o fascismo não é para alguns! Toda a gente tem direito à sua forma de Fascismo... Durão Barroso, Belmiro de Azevedo, Bill Gates, até o senhor que me vende o Jornal e que quer ver a pedofilia condenada nos tribunais, leva!
É-se sempre o fascista de alguém!

Etiquetas: ,